segunda-feira, 11 de março de 2013

A MULHER QUE COBIÇOU MEU TÊNIS

Liége Farias é cronista literária
Ano passado, ao visitar a Disney, meus olhos encantaram-se por um tipo de tênis. Contrariando o meu jeito de ser, não sou compradora compulsiva, senti-me altamente atraída por um tipo de tênis e comprei sem pestanejar, quatro pares de tênis Shape-ups. Além da sua beleza estética, confortável, salto um tanto alto, prometia milagres terapêuticos como tonificar a musculatura e outras maravilhas.
Sempre que vou ao Shopping, como vou andar bastante, calço um dos meus queridinhos sapatos americanos e os resultados têm sido satisfatórios. Só não contava , que algum dia, uns olhos de uma mulher, cobiçariam meu Shape-ups, de uma forma contundente e bem deselegante. Dentro de uma loja, uma senhora de uns sessenta anos, bem arrumada, pele hidratada, muito bem vestida, fitou meus pés e foi tomada de uma paixão avassaladora pelo meu calçado. Fitando meus pés, com um olhar desenfreado, disse-me: "Comprou em Manaus?"
Respondi que não, não sei mentir e com minha transparência da qual todos conhecem, rebati dizendo ter adquerido o sapato nos EUA. Aí, começou o pecado da cobiça, que tomou por inteira, aquela criatura que eu acabava de conhecer. O olhar da mulher parecia enfeitiçado pelo meu tênis.Falava: "Esse foi o tênis que meu médico me receitou, ele disse que as dores que sinto só passariam com esse tênis."
E choramingou, implorou para que eu vendesse o sapato para ela, que eu faria uma caridade pois suas dores eram terríveis. Retruquei: "Vá até Orlando, nos Estados Unidos e a senhora compra um, com a maior facilidade." Gritou: "O meu marido só quer viajar para o Rio e São Paulo."
Em tom choroso, suplicou-me para eu vender o tal sapato, já era até mesmo um lamento e não tirava os olhos dos meus pés. O que tinha eu a ver, se o marido dela só tinha dois roteiros para viagens?
Não suportando mais a ladainha nos meus ouvidos, dei-lhe o número do meu celular, para posteriormente, fazermos negócio.
Dois dias depois, telefonou-me, veio até minha casa e levou o tênis. Por uma bagatela, uma ninharia!
Desvia-me de mim Senhor, pessoas de olhos cobiçosos! Cada uma que acontece comigo! 

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