quinta-feira, 27 de junho de 2013

O CHORO TRISTE DA FLORESTA AMAZÔNICA!


Carlos Costa é jornalista,
escritor e Assistente Social
Horas há em que a Floresta Amazônica chora, inundando os rios Negro e Solimões que, sem pedir licença, invadem as ruas das cidades. É um protesto silencioso, um pedido de socorro talvez, só para ver se alguém escuta o soluço copioso brotando das entranhas da floresta, saindo das raízes e das copas de suas árvores,  em forma de fumaça, também. Se nada for feito para socorrer seu lamento triste, estará próximo seu desaparecimento e será horrível para seus habitantes.
 Horas há que ao contrário de chorar copiosamente, manda o sol inclemente sugar suas lágrimas, deixando à mostra apenas uma terra nua e seca, por onde antes deslizavam suavemente os  frondosos leitos dos rios Negro e Solimões, pedindo socorro contra os incautos e gananciosos exploradores, irresponsáveis e insensíveis também!
 Ah, minha floresta, o que estão fazendo com você? Poderiam muito  bem explorá-la  em suas riquezas sem a destruir em sua pujança de biodiversidade, mas ao contrário,  preferem destruí-la para depois chorar sobre “leite  de seu látex derramado” ou “sobre o roubo realizado” desde o século XIX quando um “botânico” passou por aqui, entrou em suas entranhas e roubou de suas mães,  suas filhas, as sementes de seringueiras e as deu de presente ao Rei da Inglaterra, que mandou plantá-las na Malásia e tornou um caos a economia do Amazonas!
 Ah, minha floresta!, tão subtraída, tão desprezada, tão maltratada, embora como uma mãe zelosa, sempre acolhe a todos que lhe desejam conhecer e conhecendo-a, exploram-na de forma criminosa, irracional e também irresponsável! Como sangue de cores do pau-rosa em toras levado para a França para fixar perfumes e cores negras de suas queimadas, as lágrimas da floresta parecem que são invisíveis aos administradores públicos.
 Ah, minha floresta! As outrora águas preocupantes que banham as cidades causando preocupações, estados de calamidade pública e muito dinheiro gasto para a limpeza do lixo deixado pelos homens, ou quando a floresta chora ou também quando secam devido ao sol enxugar suas lágrimas pela parceria da floresta com o Rei, é apenas o resultado de sua progressiva destruição lento, gradativa, mas de forma constante.
 Quando as águas dos Rios Negro e Solimões despejaram suas revoltas impiedosas nas cidades do interior e depois secarem completamente e só deixando aparecer os dentes de peixe em suas terras nuas e as vértebras e esqueletos que nos alimentava com fatura mas que agora são jogados no lixo todo o excedente, foi apenas a forma de protestar que a Floresta Amazônica encontrou, se defendendo  das agressões que vem sofrendo, com muito lixo jogado em suas veias que não transportam vida; apenas, morte em forma de lixo, muito lixo, mas parece que ninguém entende o seu pedido de ajuda desesperado.
Quem escutará um dia minha floresta amazônica em seu canto triste e penoso, sem ser um canto belo de sereia, que encanta os náufragos? Não sei! Não sei!
 Ah, minha floresta, até quando...?

Nenhum comentário:

Postar um comentário