quarta-feira, 10 de junho de 2015

Dilma mostra de novo suas unhas – desta vez contra Lula


Dilma Rousseff discursa durante cerimônia de anúncio da nova etapa do Programa de Investimento em Logística (Foto: Lula Marques/ Agência PP)Dilma Rousseff discursa durante cerimônia de anúncio da nova etapa do Programa de Investimento em Logística (Foto: Lula Marques / Agência PP)
Ricardo Noblat
Alguma coisa acontece no coração da presidente Dilma Rousseff. Antes sempre tão reverencial com tudo que tinha a ver com Lula, seu criador, agora não se cansa de dizer publicamente coisas que certamente o atingem, o irritam e o deixam mal.
De outubro último para cá, pelo menos três vezes, Dilma cutucou Lula ao lembrar o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) como a maior derrota sofrida por um governo no Congresso. Criada no primeiro governo Fernando Henrique, a CPMF acabou no segundo governo Lula.
Era conhecida como “o imposto do cheque”. E de fato era. Sobre movimentações financeiras incidia uma alíquota e o dinheiro arrecadado era destinado à Saúde. Quando o Congresso acabou com a CPMF em 2007, o governo perdeu de uma vez algo como 80 bilhões de reais. O PT sonha com a volta da CPMF.
Ontem, no Palácio do Planalto, durante o lançamento da nova rodada do programa de concessões, ficou demonstrado que Dilma não se furtará mais a defender seu governo mesmo que para isso precise desagradar Lula. Ela comparou realizações do seu governo com realizações dos governos Lula. E deixou Lula mal na foto.
Dilma disse, por exemplo, que investiu mais em infraestrutura em um só mandato do que todos os governos passados, incluindo os dois de Lula. Foi direta:
- Se o meu governo não teve um programa de investimento em infraestrutura de 2011 a 2014, não houve nenhum programa de investimento anterior a nós, porque o nosso número em termos de quilômetros concedidos foi o maior da história recente do Brasil.
E repetiu:
- Fizemos, em um único mandato - eu quero reafirmar isso - mais do que todos os governos que nos antecederam. Estou falando, inclusive, de mim mesma, porque eu era responsável pela condução do programa de infraestrutura no governo do presidente Lula.
Até a campanha presidencial do ano passado, o discurso oficial do governo Dilma comparava o que fora feito nos anos do PSDB no poder com o que se fez nos 12 anos do PT no poder. Ao falar de investimentos em ferrovias e rodovias, Nelson Barbosa, ministro do Planejamento, separou-os por períodos presidenciais.
Então ficou assim:
- Nos últimos quatro anos, foram construídos mais de 1 mil quilômetros de ferrovias, mais do que nos oito anos anteriores – destacou Nelson.
Entre 1995 e 2002, quando o Brasil foi governado por Fernando Henrique, foram construídos 512 quilômetros de trilhos, segundo o ministro. De 2003 a 2010, na era Lula, 909 quilômetros. E de 2011 a 2014, no 1.º mandato de Dilma, 1.088 quilômetros.
No capítulo rodovias, o desempenho do governo Dilma também foi melhor. Seis rodovias foram concedidas nos oito anos de Fernando Henrique, abrangendo 1.316 quilômetros. Nos oito anos de Lula, oito rodovias foram concedidas, alcançando um total de 3.305 quilômetros.
Nos primeiros quatro anos de Dilma, foram sete as rodovias concedidas. E elas somaram 5.350 quilômetros.
Dilma emagreceu, está mais simpática, mas não perdeu o gosto por brigar.

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