terça-feira, 1 de agosto de 2017

A Minha Filha

Por Guerra Junqueiro


Que alma intacta e delicada! 
Que argila pura e mimosa! 
É a estrela d'alvorada 
Dentro dum botão de rosa! 

E, enquanto dormes tranquila, 
Vejo o divino esplendor 
Da alma a sair da argila, 
Da estrela a sair da flor! 

Anjos, no azul inocente, 
Sobre o teu hálito leve 
Desdobram candidamente, 
Em pálio, as asas de neve... 

E eu, urze má das encostas, 
Eu sinto o dever sagrado 
De te beijar— de mãos postas! 
De te abençoar — ajoelhado! 

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