terça-feira, 20 de agosto de 2013

SER VELHO

Crônica
Carlos Costa é jornalista,
escritor e Assistente Social
Ser velho, não é apenas se sentir velho por dentro e jovem por fora...Ser velho, a velhice em si mesma, é um estado de espírito, uma decisão, uma vontade que é inexplicável, como ser novo fosse apenas um estado físico da juventude. A pessoa pode se sentir velha por dentro, na alma, no coração e no espírito, mas ser jovem por fora: ou vice-versa!
Quem decide o que seja juventude ou velhice é o coração e não o corpo porque começa a sentir o peso dos anos, a sabedoria dos tempos, a paciência dos que amam...
O corpo é apenas o invólucro do tempo e se desgasta com o tempo, naturalmente!
Quando o coração se sente velho é por que já se viveu demais ou sofreu além do que lhe deveria sofrer...deixou de fazer planos e metas para o amanhã que ainda resta. Mas, ainda assim, o coração pode ser renovado com o amor porque para o amor não existe idade...
A juventude volta a renascer!
E, amar intensamente todos os velhos sabem; através da dança, da alegria renovada por dentro, das experiências vividas, enfim, enquanto os jovens só pensam que sabem gozar o proselitismo da juventude, vivem os contrastes e o arroubo da idade, desafiam, enfrentam, não têm medo de nada, nem de ninguém, são ousados em seu pensar, transformam, mudam o mundo: tudo o que os velhos também já fizeram um dia em suas juventudes.
À velhice é dada sabedoria, paciência e experiência pelos anos somados de vida, mas também lhes é dado o direito dessa descoberta milagrosa de reconhecer que estão ficando velhos, quer pelo sinal que lhes dá o corpo, quer pelos seus soberanos cabelos cor de prata que, não necessariamente, não são sinônimos de velhice...
Os velhos passam a apreciar a beleza da vida com mais tranquilidade, olhar o sol com mais intensidade se pondo no horizonte, lentamente, seguindo-o como seus passos, quase nem sempre firmes. Apreciam a lua com mais carinho e o amor que só os poetas mais caducos são capazes de sentir, ouvindo o maravilhoso barulho do silêncio porque ao velho é dado tudo isso, mas também o tempo lhe dá de graça o seu andar calmo, cambaleante como se fosse um aviso que estava indo depressa demais...
Ser velho não é só ver na cor de prata dos cabelos, resultado do tempo que viveu, no somatório de suas experiências, na capacidade de raciocínio nem sempre muito lógico...Cada cabelo branco que um velho tem em sua cabeça é um aprendizado que teve na vida ou uma das muitas decepções que foi obrigado a enfrentar e superar, quer com os filhos, ou com os amigos...Os cabelos negros que ainda restarem ainda lhes serão coloridos de prata pelo passar do tempo, com as novas lições de nossas vidas, excetos os que os pintam para parecerem mais joviais...
Às vezes, se envelhece mais ou menos em razão de doenças, internações hospitalares, compromissos assumidos, decisões que teve que tomar ou cirurgias seguidas. Com isso, mais rapidamente se pinta na cor de prata mais os cabelos. Mas os mantêm jovens na alma, no coração e no espírito dos que assim desejam.
Não existe velho; não existe jovens: tudo ocorre a seu tempo!
Apenas existem as pessoas que viveram mais, aprenderam mais, sofreram mais, mas nem sempre essa máxima é verdadeira. Viva seu hoje, seu agora e não se importe com os outros porque os outros são só os outros. Você é chamado de velho babão, idiota, tolo, e no final transmitirá à juventude todo seu conhecimento, toda a beleza de se ser um velho com saúde!

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