sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Edjalma Borges

A manutenção dos vetos presidenciais e a negociação de ministérios com o PMDB dificultará o impeachment de Dilma?

Isso dá um folgo momentâneo, mas é só. É lamentável ver que a essa altura dos acontecimentos novamente o balcão de negócios instalado, o mesmo que gerou o mensalão e a Lava-Jato. Isso trará um obstáculo, mas o impeachment de um presidente só corre quando você tem um somatório de argumentos políticos com razões jurídicas e esses elementos estão sendo formados. O aspecto político é muito instável. Mas, ocorre que quando você tem a pressão da opinião pública, transmissão (do julgamento do impeachment) ao vivo na TV, com chamada nominal, onde cada deputado tem que apresentar seu rosto e seu nome perante o país inteiro para manifestar sua posição. Aí tudo muda.

Como agirá o PSDB na análise do veto do Judiciário?
No Senado vou liberar a bancada. Temos uma posição dividida em relação a esse tema e isso garante minha governabilidade mínima junto à bancada. Dos nossos 11 senadores o placar mais provável é seis a cinco ou sete a quatro pela derrubada do veto. É essa a perspectiva que se tem. Continuaremos fazendo oposição ao governo, mas nunca ao país.

O partido tem unidade em relação a possível recriação da CPMF?
O PSDB não aceitará o aumento de carga tributária. Já existe uma decisão tomada unanime na bancada e isso se repete também na Câmara. Votaremos todos contra o retorno da CPMF. Até o dia da análise dos vetos era certo de que a CPMF não passaria.  Com essa cooptação do PMDB ocupando cargos no governo pode ser que a bancada do PMDB na Câmara, com o desmembramento no Senado, abra uma possibilidade de aprovação. Mas há necessidade de um quórum muito elevado, pois estamos falando de uma Proposta de Emenda à Constituição. Continuo apostando que Câmara e Senado não irão aprovar a CPMF.

Até agora as medidas adotadas parecem não ter surtido efeitos. Qual é o cerne da questão?
O mercado percebe um movimento artificializado do governo, não há vigor. Há uma repulsa generalizada do país diante das mentiras da campanha eleitoral, dos equívocos praticados de forma deliberada na economia para se ganhar a eleição e ao sacrifício que as pessoas vivem hoje. O poder de compra das pessoas diminuiu, o desemprego e a inflação cresceram, o dólar chegou ao maior preço da história do Real e não há sinais de retomada do crescimento econômico. O governo pode perder popularidade, mas não pode perder credibilidade, e o governo da presidente Dilma não tem mais credibilidade.
Senador Cássio Cunha Lima  (Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)
Senador Cássio Cunha Lima ,

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