sábado, 24 de novembro de 2012

AO MEU PAI MORTO

Augusto dos Anjos

Madrugada, treze de janeiro,
Rezo, sonhando o ofício da agonia.
meu pai nessa hora junto a mim morria,
sem um gemido, assim como um cordeiro!

E nem lhe ouvi o alento derradeiro, 
quando acordei, cuidei q'ele dormia,
e disse à minha mãe, que me dizia:
acorda-o,deixa-o, dormir primeiro!

E saí para ver a natureza!
em tudo o mesmo abismo de beleza,
nem uma névoa no estrelado véu...

Mas pareceu-me entre as estrelas flóreas,
Como Elias, num carro, azul de glórias,
Ver a Alma de meu pai subindo ao céu!

Augusto dos Anjos, poeta paraibano, simbolista, autor de EU e Outras Poesias

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