Foi
a floração intelectual mais viva do seu tempo, no Amazonas.
Filho
desta terra, foram seus pais Nicolau Balbi e Domiciana Bacury Balbi. Fez o
curso na antiga Escola Normal do Estado e o de Preperatórios no Ginásio
Amazonense. Como estudante, distinguiu-se, logo por seu talento, mostrando-se,
nos comícios da mocidade, um orador fluente, imaginoso. Abrilhantáva os jornais
da época (última década do século XIX) com suas poesias e digressões
literárias. Funcionário da Recebedoria do Estado, retirando-se, de quando em
vez, para a capital de Pernambuco, conseguiu forme-se ali em direito, tendo
sido o orador de sua turma. Produziu uma das peças mais fulgurantes da
Faculdade.
Regressou
não Amazonas, nimbado de uma consagração exaltada nos meios culturais da terra
de Araújo Filho e Gaspar Guimarães. Em concurso memorável, conquistou a Cadeira
de Literatura do Ginásio Amazonense, onde pontificou por alguns anos, ao mesmo
tempo que se entregava às lides da imprensa partidária. Foi um polemista
ardoroso, veemente, de uma grande intransigência de princípios, atitudes que ia
ao destemor.
Redigindo
o jornal “O Norte”,desta capital,deu provas do seu caráter independente e,
tantas vezes, impetuoso. Não se incomodava de lançar a seta do desagrado aos
magnatas do situacionismo político. Mostrava prazer nisso.
Heliodoro
Balbi, em plena oposição aos detentores do poder, no amazonas, fez-se candidato
a uma das vagas de Deputado Federal. Conseguiu brilhante sufrágio. Vai ao Rio
de Janeiro para defender deu diploma, perante a Câmara. Formidável, discurso
proferido. Nesse documento parlamentar, o ardoroso amazonense, atacando os próceres
da política situacionista do seu Estado, num exagero de linguagem, dizia: “Os
ladrões de minha terra são tão audaciosos, que escalariam o céu se as estrelas
fossem libras esterlinas”. Não chegou a sentar-se na curul do Parlamento. A
politicagem de campanário não permitia expansões de pensamentos, liberdade de
opinião. E o temperamento de Heliodoro Balbi não suportava o guante do partido
governamental. Às margens da correnteza que descia do Olympo, não encontrou
nenhum remanso da vitória. Quase desiludido, sofrendo a falta de pagamento de
sua remuneração de Professor do Ginásio, retirava-se para o Acre, então sonho
dourado das inteligências livres. Lá, entre nos prélios do fôro e sustenta,
pela imprensa, a mais memorável, erudita e brilhante controvérsias com um
também ardoroso advogado da região, contenda de que saiu aureolado. Pouco tempo
depois, Heliodoro falecia. Como justa homenagem a sua luminosa memória, seus
restos mortais são transportados para esta capital (Manaus) onde jazem no
cemitério de São João Batista. Como poeta, foi de uma espontaneidade natural. A
cadência dos seus versos é musical e emocionante. Não posso esquecer o poemelo
“relicários”. Que, me parece, escreveu
para ser recitado à beira do seu túmulo...
Creio
na adversidade do destino. E, entre os exemplos, que me vêm à mente, aponto
Camões, Bocage, Heliodoro Balbi, aedos de vida amargurada, incompreendida. Mas,
as gerações pósteras costumam pagar dos gênios, a dívida de glória, que os
outros ficaram a dever, erguendo-lhes, no bronze ou no mármore, a eternidade do
reconhecimento pátrio.
Manaus,
setembro de 1945.
AGNELLO
BITTENCOURT
Da
Academia Amazonense de Letras
Olá, onde posso conseguir mais informações sobre o Heliodoro Balbi.
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