A
partir de hoje (3), passa a valer em todo o país a chamada Lei Antifumo
que proíbe, entre outras coisas, fumar em ambientes fechados públicos e
privados. A estimativa é que as novas regras influenciem os hábitos de
11% da população brasileira, composta por fumantes.
Aprovada em
2011, mas regulamentada em 2014, a Lei 12.546 proíbe o ato de fumar
cigarrilhas, charutos, cachimbos, narguilés e outros produtos em locais
de uso coletivo, públicos ou privados, como halls e corredores
de condomínios, restaurantes e clubes – mesmo que o ambiente esteja
parcialmente fechado por uma parede, divisória, teto ou toldo.
Em caso de desrespeito à norma, os estabelecimentos comerciais podem ser multados e até perder a licença de funcionamento.
Entre
os frequentadores de bares e restaurantes, a lei não é unanimidade. A
estudante Fábia Oliveira, 18 anos, disse ser a favor de leis mais
rigorosas contra quem fuma em ambientes fechados. “É um desrespeito com
quem não gosta de cigarro. A pessoa que fuma prejudica todos que estão à
sua volta. Você acaba se prejudicando, contra a sua vontade, pela
escolha dos outros. Ninguém é obrigado a sentir o cheiro de cigarro”,
acrescentou.
O supervisor Diego Passos, 31 anos, é contra a lei e
acredita que a norma não surtirá efeito. “Quem fuma dentro de um bar,
por exemplo, vai continuar fumando. Não poderei ir a uma boate, a um bar
porque fumo? Nenhuma lei é capaz de fazer uma pessoa parar de fumar.
Além do mais, não há fiscalização”, disse.
A
norma que entra em vigor hoje extingue os fumódromos e acaba com a
possibilidade de propaganda comercial de cigarros, mesmo nos pontos de
venda, onde era permitida publicidade em displays. Fica liberada apenas a exposição dos produtos, acompanhada por mensagens sobre os males provocados pelo fumo.
Além
disso, os fabricantes terão que aumentar no próprio produto os espaços
para avisos sobre os danos causados pelo tabaco. Pela nova regra, a
mensagem deverá ocupar 100% da face posterior das embalagens e de uma de
suas laterais.
Será permitido fumar em casa, em áreas ao ar
livre, parques, praças, áreas abertas de estádios de futebol, vias
públicas e tabacarias, que devem ser voltadas especificamente para esse
fim. Entre as exceções estão também cultos religiosos, onde os fiéis
poderão fumar caso faça parte do ritual.
Para o presidente da
regional de São Paulo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes
(Abrasel), Percival Maricato, o dia a dia de bares e restaurantes deve
mudar pouco, uma vez que a lei já vem sendo cumprida pela maior parte
dos estabelecimentos mesmo antes da regulamentação.
“A meu ver,
não vai mudar coisa alguma. Já estava proibido fumar em locais fechados.
Mas achamos que a lei é um tanto leonina. Há excessos visíveis. O
infeliz do fumante é tratado como um leproso na idade média”, disse.
Para
Marciato, as novas normas representam uma espécie de regulação que vem
sendo imposta ao setor. “Daqui a pouco, bares e restaurantes vão parecer
uma repartição pública, com cartazes e dizeres. E estamos falando de um
local onde as pessoas vão para descontrair. Há cada vez mais
intervenção do Estado, dizendo o que o indivíduo pode ou não pode fazer e
limitando a liberdade.” Ele lembrou que a fiscalização nos bares e
restaurantes ficará a cargo dos Procons regionais.
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