Carlos Costa é jornalista e escritor |
O “Brazil” de ontem incentivou os desmatamentos na Amazônia para melhor ocupá-la e desenvolvê-la. O Brasil honesto que quer se modernizar, produzir e crescer patina e encontra dificuldades para aprovar seu novo Código Florestal porque existe uma briga com a bancada ruralista que defende o Brazil da corrupção, dos ambientalistas que desejam um Brasil produtivo e, por isso, o resultado da votação não foi ao gosto do que o Governo do Brasil esperava. Mas nessa luta, todos saíram derrotados, principalmente a natureza.
Como existem dois Brasis, o que tem seca no Nordeste com cheia no Norte, evidenciando que cada Região tem um tipo de problema diferente, a definição do quanto poderá ou não ser desmatado em cada uma das regiões do “Brasil”, deveria ter ficado para os Estados e não para a União, que recentemente experimentou o “Brazil” que oferecia incentivos à ocupação e ao desmatamento da floresta Amazônica, e agora o Brasil tenta corrigir o erro, criando normas e regras iguais para todas as regiões, com problemas e realidades desconhecidas entre si.
Mesmo reconhecendo a dificuldade, a política de deixar para os Estados a definição quanto ao que poderia ou não ser desmatado, reflorestado, soaria também perigosa porque com os conchavos que existem no “Brazil”, com as pressões sobre os Governadores dos Estados passariam a sofrer seriam muito grandes e tudo poderia se deslocar para o eixo da corrupção, desmandos, apadrinhamentos e dos desvios de finalidades. Um meio termo deveria ter sido encontrado para resolver o impasse entre esses dois Brasis! Mas não como o que fosse bom para o bioma do Nordeste também fosse a realidade à Floresta Amazônica, cheia de riquezas minerais, biomedicinas e com seu potencial totalmente desconhecido pelos brasileiros, ainda.
No Brasil há riquezas e no Brazil também há misérias extremas. Há o Brasil que cobra muitos impostos e o Brazil que distribui pessimamente o que arrecada. Enfim, esses dois Brasis não se reconhecem e nem se encontram e não se entendem por mais que tentem!
No Brasil existem excelentes hospitais que funcionam com recursos do Sistema Único de Saúde. Mas existe o Brazil com hospitais públicos sucateados, funcionando pessimamente com os recursos do SUS, provando a má administração e até a total incompetência de alguns administradores públicos se faz presente.
Como no Brasil real, os recursos do SUS suprem as necessidades de hospitais, no Brazil do desperdício, corrupção, conchavos, licitações fraudulentas, os mesmos recursos não possibilitam um atendimento digno à população socialmente carente?
Há o Brasil real - já disse - e o Brazil da corrupção. É só por isso que existem tantas divergências entre os dois Brasis e um não se entende com o outro; ou seja, um rema para o Norte das cheias e outro rema para o Nordeste, das secas. Nunca haverá um encontro entre esses dois países, o Brasil com o Brazil! Uma hora qualquer, a corda quebrará e será um Deus nos acuda!
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