Fonte: G1 Pippa Stephens
Pesquisa levanta possibilidad de adaptar proteína da beterraba para uso em humanos./ Foto: Reprodução
Uma proteína encontrada na beterraba poderia ser usada para substituir o sangue humano, de acordo com pesquisadores suecos.
A
hemoglobina vegetal presente no legume é similar à hemoglobina presente
no sangue humano. A proteína, que confere ao sangue a sua cor
avermelhada, tem como função principal transportar oxigênio para os
tecidos.
A equipe
da Universidade de Lund, na Suécia, está investigando se seria possível
modificar a substância da beterraba para que ela possa ser absorvida
pelos tecidos humanos.
Os
cientistas dizem acreditar que isso pode ser conseguido dentro de três
anos. Um especialista ouvido pela BBC, no entanto, comentou que apesar
de "animador", o estudo só deve trazer resultados concretos "no longo
prazo".
Os
suecos basearam seu estudo em um trabalho anterior, publicado pela
revista científica Plant & Cell Physiology, que concluiu que a
hemoglobina vegetal tinha um papel fundamental no desenvolvimento da
planta.
Um dos
integrantes da equipe, Leif Bulow, disse que o objetivo do grupo era
encontrar uma solução para o problema da escassez de sangue.
O sangue
produzido a partir da proteína da beterraba poderia ser usado, por
exemplo, em transfusões de emergência (por exemplo, em pacientes que
perderam muito sangue após um acidente) ou em tratamentos para câncer e
doenças do sangue.
Similaridade
Durante o
estudo, a proteína da planta se comportou de maneira similar à
hemoglobina encontrada no cérebro - e apresentou uma estrutura similar,
acrescentou Leif Bulow.
Nelida
Leiva, que chefiou a pesquisa na Universidade de Lund, disse que a
proteína da planta tem entre 50% e 60% de similaridade com a hemoglobina
encontrada no sangue humano, mas é mais "robusta".
Ela
disse que o trabalho levanta duas possibilidades: adaptar a proteína da
planta para uso em humanos e usar plantas para produzir hemoglobina
humana.
O
próximo passo, diz a equipe, seria modificar a proteína da planta para
ver se ela seria aceita por porcos e, depois, por tecidos humanos.
Comentando
o estudo sueco, o cientista britânico Denis Murphy, chefe de Genômica
na University of South Wales, em Cardiff, País de Gales, disse à BBC: "O
estudo é bom, baseado em ciência feita com rigor, e descreve uma
descoberta importante".
"Embora
saibamos há várias décadas que plantas produzem proteínas similares à
hemoglobina, esse estudo mostra que (essas proteínas) são mais comuns e
estão envolvidas em mais processos fisiológicos do que pensávamos".
Ele
acrescentou, no entanto, que a ideia de usar essa proteína para
substituir a hemoglobina humana era especulação, algo possível muito a
longo prazo.
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