terça-feira, 4 de novembro de 2014

Dilma começa a esboçar reforma ministerial

                

 A dança das cadeiras no primeiro escalão do governo deve começar nas próximas semanas e a presidente Dilma Rousseff já começou a articular a reforma ministerial para compor seu governo para o novo mandato. Ainda que a prioridade seja anunciar o substituto de Guido Mantega no Ministério da Fazenda, a presidente também deve alterar cargos com o objetivo de trazer para perto seus homens de confiança.
O suporte à presidente Dilma a partir do segundo mandato deve ser feito por um tripé de peso, segundo avaliam analistas políticos. Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Jaques Wagner, que deixa o governo da Bahia no fim do ano após eleger seu sucessor, devem ser os homens de Dilma a partir de 2015.
Os três são próximos da presidente e se destacam nas funções que ocupam, por isso Dilma deve mantê-los por perto na reorganização dos cargos na Esplanada dos Ministérios.
Mercadante chegou a ser ventilado como possível chefe da Fazenda. Mas, por ser um homem de confiança de Dilma Rousseff e ter habilidade na articulação política, especialistas acreditam que o ministro deve continuar no núcleo da articulação.
Para o professor de administração pública da UnB (Universidade de Brasília) José Matias-Pereira, Mercadante já mostrou que consegue um bom desempenho em qualquer área da Esplanada. Para o especialista, isso o credencia para ocupar qualquer pasta.
— Ele já mostrou que é uma espécie de polivalente. No governo PT, ela já ficou na Ciência e Tecnologia, já foi da Educação e agora está na Casa Civil. Ele acabou desempenhando um papel importante nessa fase final do primeiro mandato de Dilma e no próprio processo de reeleição, além de ser politicamente uma pessoa muito hábil.
Logo no início do segundo turno, Mercadante pediu licença do cargo para se dedicar exclusivamente à campanha de reeleição de Dilma. Até fevereiro ela era ministro da Educação, mas foi chamado pela presidente para assumir a Casa Civil, depois que a então ministra Gleisi Hoffmann se desvinculou para concorrer ao governo do Paraná.
Pelo fato de Mercadante ser quase um coringa, o economista Paulo Brasil não acredita que sua habilidade de negociação será desperdiçada na equipe econômica.
— Ele é um nome muito mais importante politicamente do que na equipe econômica.
Como também é um dos nomes pensados pelo PT para ser lançado em 2018, os analistas acreditam que Mercadante deve continuar assumindo papel importante e de destaque ao lado da presidente.
José Eduardo Cardozo foi um dos principais articuladores da campanha presidencial de Dilma em 2010 e logo foi nomeado para o Ministério da Justiça. Além de ter a confiança da presidente, o ministro permaneceu os quatro anos no cargo sem se envolver em nenhuma polêmica.
Jaques Wagner está desempregado a partir de janeiro de 2015 e por isso deve ser levado para uma das pastas que trabalha ao lado de Dilma, como a Casa Civil ou Relações Institucionais. Na avaliação do cientista político Matias-Pereira, o desempenho de Wagner durante os oitos anos à frente do governo da Bahia é motivo de prestígio.
— Vai ocupar um lugar bastante importante no segundo mandato de Dilma. Principalmente pelo desempenho eleitoral que ele teve, Jaques Wagner deve ser o chefe a Casa Civil, tem perfil para isso.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, e o ex-chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, que deixou o cargo para integrar o comando da campanha de reeleição, também devem ser mantidos próximos da presidente.
Cartas fora do baralho - Se os aliados ‘sem cargo’ com bom desempenho eleitoral devem ser agraciados, os nomes que foram derrotados nas urnas não têm muitas chances no primeiro escalão. É o caso, por exemplo, do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, que perdeu no primeiro turno em São Paulo e ficou em terceiro lugar.
Os governadores petistas do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e de Brasília, Agnelo Queiroz, que não conseguiram ser reeleitos, além do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que também não conseguiu renovar o mandato, não devem ter espaço na Esplanada, de acordo com especialistas. A avaliação do professor Matias-Pereira é de que Dilma já tem aliados demais para abrigar nos ministérios.
— Ela vai governar com a base aliada mais fragmentada, e vai ter que efetivamente criar as condições para abrigar aqueles que virão agregar. Não vai haver espaço para abrigar aqueles que não triunfaram.
Atualmente com 39 ministérios, a presidente Dilma precisa distribuir os nomes de acordo com as necessidades da base aliada. O PMDB, maior partido aliado, deve ser o mais amplamente contemplado.
O cientista político da UnB David Fleischer avalia que os peemedebistas não vão se contentar com as pastas que já têm e é provável que Dilma precise aumentar a cota do partido de seu vice, Michel Temer.

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