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Quem disse: “A Petrobras nunca foi, não é e nunca será uma
empresa bandida”. Ou: “Pode-se fazer auditoria por 50 anos que não se
vai achar nada de ilegal na Petrobras”.
Ou ainda: “A compra da refinaria de Pasadena foi um bom negócio”. E por fim: “Não existe homem-bomba”.
Quem
disse foi Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras, preso como uma das cabeças da roubalheira na empresa.
Sim, senhor, foi ele mesmo, nomeado por Lula em 2006 para a diretoria da Petrobras a pedido do Partido Popular (PP).
Dez
anos antes, quando ainda se chamava Partido Liberal, o PP cobrou R$ 6
milhões do PT para indicar o vice na chapa de Lula – o empresário
mineiro José Alencar.
Lula e Alencar testemunharam o fechamento do negócio em um apartamento de Brasília.
Sabe
o que levou Paulo Roberto a se transformar em um homem-bomba, delatando
quem roubou ou ajudou a roubar a Petrobras? O medo de ver suas filhas e
genros presos como “testas de ferro”.
Um agente da Polícia
Federal informou certo dia a Paulo Roberto que fora assinada uma ordem
de prisão contra uma de suas filhas. Ele então desandou a falar. Não
parou mais.
Há 15 dias, na sabatina do jornal O Globo com a
presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, ela repetiu várias
vezes que era a principal interessada na apuração de denúncias de
corrupção dentro ou fora da Petrobras.
Quanto a Paulo Roberto,
garantiu que ele jamais fora homem de sua confiança. Não tinha com ele,
sequer, a mais remota afinidade. Tanto que o demitiu em 2012.
Àquela
altura da sabatina, eu ainda não sabia que o homem sem afinidade com
Dilma havia sido um dos 400 convidados por ela para o casamento de sua
filha em Porto Alegre, no final de 2008.
Na ocasião, Dilma
recepcionou Lula, 10 ministros de Estado e 11 governadores. Trajava um
vestido azul-petróleo. Lula confraternizou com Paulo Roberto, a quem
chamava de “Paulinho”.
Quer ver uma fotografia de Paulo Roberto no casamento? Quer mesmo? Esqueça. Os vestígios da passagem dele por lá foram apagados.
Aproveitei
a sabatina para perguntar a Dilma: “Se a senhora tanto se empenha em
investigar a corrupção por que não deu ordens expressas ao seu pessoal
da CPI da Petrobras para proceder assim?”
Dilma deu uma larga
volta para ao fim e ao cabo não responder minha pergunta. Insisti: “A
CPI só fez enrolar até agora. Nada investigou. E os aliados da senhora
são maioria na CPI. O que me diz a respeito?”
Dilma deu outra
larga volta para não responder. “Desculpe, mas a senhora não respondeu”,
teimei. Ela aproveitou a pergunta de outro colega e mudou de assunto.
No
dia 19 de agosto passado, seis dias depois do desastre aéreo que matou
Eduardo Campos, candidato do PSB a presidente da República, Dilma foi
cercada por um grupo de jornalistas durante viagem a Rondônia.
Um
deles perguntou sobre Marina Silva, a vice de Eduardo e substituta dele
como candidata a presidente. Dilma franziu o cenho. E respondeu com má
vontade.
- Meu querido, eu quero dizer para você: vou fazer a
minha campanha. Tenho muito que mostrar. Não posso ficar preocupada com
qualquer pessoa.
Na véspera, pesquisa Datafolha conferira a Dilma
36% de intenções de voto contra 21% de Marina. No dia 29 daquele mês, as
duas apareceram empatadas no Datafolha com 34% a 34%.
Desde
então, Dilma se ocupa em fabricar mentiras diárias contra Marina.
Precisa que a rejeição dela aumente para que possa tentar derrotá-la no
segundo turno.
Dilma Rousseff - Foto: Ailton de Freitas / O Globo
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