A solidão magoa e contamina
a escuridão da noite à sua frente.
Não mais tempo. A espera, simplesmente,
chega ao final, como um ponto que termina.
Amou demais. Amar foi a sua sina.
Foi entrega total e onipresente.
Doou-se e se doeu, pois, de repente,
do amor lhe falta a chama feminina
negando ao corpo abraço de acalanto,
fugindo aos beijos, quando o amor foi tanto,
legando ao sonho a dúvida abissal
Como um vulcão que em gota expele o magma
aos seus olhos o pranto leva a lágrima,
até chegar à boca, feito sal.
RONALDO CUNHA LIMA, poeta e ex-governador da Paraíba
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