Liége Farias é cronista literária |
Manaus, lá pelos anos 60, convivia com duas pessoas que sofriam das faculdades mentais e que perambulavam pela cidade. Dentre eles, dois destacavam-se: a Carmem Doida e A Nega Charuto. Quem é de Manaus e foi criança naquela época, com certeza lembra-se desses dois desvalidos que por terem distúrbios mentais, eram atormentados pelas pessoas que gostavam de vê-los agressivos e totalmente fora de si, ao serem chamados pelos seus apelidos. Não davam sossego aos dois:
-"Olhem a Carmem Doida!"
E a pobre mulher ficava enfurecida e jogava pedras em direção dos insultos, chamando muito palavrão. Não davam sossego para ela.
A Nega Charuto, era uma negrinha e carregava o filhinho escanchado na cintura, sempre existia alguém para gritar:
"Olha a Nega Charuto!"
E, a mulher ensandecida, jogava o que possuía na mão em cima do agressor, corria atrás, palavrões mil.
Todo esse cenário era o Centro de Manaus, Praça da Matriz, Praça da Polícia, Cais do porto, Avenida Eduardo Ribeiro, cercanias do Teatro Amazonas...
E ainda havia o Bombalá, este de uma classe social mais privilegiada, morador da Joaquim Nabuco, menos agressivo e tinha uma fascinação pela Banda de Música da Polícia Militar,a fascinação era tanta, que costumeiramente seguia a Banda, motivo do apelido de Bombalá.
Analisando o comportamento radicalmente sem escrúpulos, de algumas pessoas da população Manauara de algumas décadas passadas, ferem os direitos humanos, a agressão aos loucos que vagavam pele cidade de Manaus era desnecessária, Carmem Doida e Nega Charuto não mereciam tantos insultos só para satisfazer a adrenalina de alguns. Depois de enfurecidas, após serem chamadas pelos apelidos, quantas pedras acertavam pessoas inocentes, quantas palavras de baixo calão feriam os ouvidos de senhoras educadas...
"Os maus procuram meios de fazer o mal; até as suas palavras queimam como fogo." Prov.16:27
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