Diga o que disser o Ministro Guido Mantega, o foco continuará sendo a inflação. O recente relatório trimestral explicitou a divergência entre a autoridade monetária e o mercado. O primeiro afirma que a inflação terminará o ano em 4,4%, abaixo do centro (por si só elevado: 4,5%) da meta, portanto. E o mercado aposta em 5,27%.
É sabido que, até meados do ano, a inflação em 12 meses desacelerará para algo próximo de 5%. A partir daí, porém, deverá voltar a subir, fechando o ano perto de 5,3%, bem acima do centro da meta. Tudo indica que o IPCA de março sairá em torno de 0,4%, resultando em 1,5% no acumulado do primeiro trimestre. Ora, como ainda teremos três trimestres pela frente, não é difícil calcular o tamanho do desafio que o governo tem pela frente.
Mais relevante do que discutir a meta deste ano, parece-me deslindar como a inflação elevada dos últimos anos e as projeções acima de 5% afetam e afetarão a economia. Desde janeiro de 2010, o IPCA acumula alta de 14% e os serviços registram aumento de 19,8%.
Conclusão: serviços e alimentação mais caros pesam, sobretudo, no bolso dos segmentos mais pobres da população.
Os trabalhadores vão ficando insatisfeitos e as greves se espalham pelo país. No Rio de Janeiro, os rodoviários da região metropolitana pararam. Em Brasília, faz cerca de 30 dias que os professores cruzaram os braços. O canteiro de construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau viraram campo permanente de conflito.
Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado
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