Carlos Costa é jornalista e escritor |
Ah, que saudades senti do “sitema” utilizado nos bancos de antigamente: máquinas antigas, fichários quase sempre velhos, “fichas de assinatura” que os caixas eram obrigados à consultá-las, antes de pagar qualquer tipo de cheque. Era chato, demorado, mas pelo menos atendiam olho-no-olho, existia rosto, calor humano e sempre havia uma solução para qualquer tipo de problema.
Hoje, tudo mudou, existe um tal de “sistema” sem rosto que, quando cai, para tudo, nada funciona e temos que esperar o tal “sistema” voltar, a hora que ele desejar e quiser.
Hoje, ao comparecer com minha esposa a uma agência da CEF para efetuar um TED entre bancos, notei uma grande fila de espera em um estacionamento de carros. Era fila para o FGTS, ainda bem! Segui em frente. Deparei-me com uma outra fila à porta da agência. “O sistema caiu”, era a resposta dada pelo guarda à porta de uma porta giratória, impedindo a todos que quisessem entrar ao interior da agência.
O gerente liberou que eu entrasse para sentar-me no ar condicionado e esperar o tal “sistema” voltar. Antigamente, o “sistema” não passava de um ou outro funcionário preguiçoso, o que era raro em bancos. Geralmente um “sistema” ruim era substituído por um “sistema” bom. Finalmente o tal “sistema” voltou, menos para a máquina que emite fichas de atendimento, a famosa senha. Para essa, o maldito não voltara ainda. Estava toda com tela preta e uma pessoa foi designada para ver se fazia o “sistema” voltar para a emissão de fichas também.
Hoje, infelizmente, o “sistema” trava tudo, também como antigamente calava estudantes, revoltosos, greves, protestos, enfim, e, quando volta, vem aos poucos, lentamente. Funciona uma coisa, mas a outra trava. Procurei a gerente de pessoa jurídica, onde era atendido sempre quando fora diretor de uma instituição. Felizmente, fui bem atendido e ela ofereceu-me uma ficha de próprio punho.
No caixa, novamente o maldito “sistema” não conseguiu efetuar o TED que pretendia fazê-lo. Insisti; não deu resultado. Tudo por um maldito “sistema” que não tem rosto, não se apresenta, não é fichário, enfim, sai do banco. Deve ser muito poderoso esse “sistema”, mais poderoso até do que o sistema repressor que existiu no Brasil durante o período do Governo Militar: quando o “sistema” não quer, não adianta tentar nada. É melhor voltar para casa. Oh, maldito sistema chamado de informatizado que proibe qualquer tipo de ação bancária quando ele não está presente.
O “sistema” anterior pelo menos reprimia as pessoas, mas pelo menos ele tinha rosto, nomes, comandos e presidentes. Esse “sistema” bancário moderno, informatizado, não dá opção para nada quando ele está ausente.
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