Prisão dele, que é amigo de Lula, faz parte da 21ª
fase da Lava Jato.
Atual etapa foi batizada de Operação Passe Livre e tem 25 mandados.
Camila BomfimDa TV Globo, em Brasília
A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (24) , em um hotel de
Brasília, o pecuarista José Carlos Bumlai, na 21ª fase da Operação Lava Jato. A
prisão é preventiva, que não tem data para vencer. Ele será levado para a
Superintendência da PF, em Curitiba.
Bumlai deporia nesta terça
na CPI do BNDES, na Câmara, que investiga operações
envolvendo o banco, por isso viajou a Brasília. Ele havia sido convocado para
prestar esclarecimentos sobre suspeitas de tráfico de influência e
favorecimento em contratos firmados pelo BNDES.
Pecuarista do Mato Grosso do Sul e empresário do setor sucroalcooleiro, Bumlai tinha
acesso ao gabinete de Lula durante os oito anos em que o petista comandou o
Palácio do Planalto. Os dois se conheceram em 2002, apresentados pelo
ex-governador sul-matogrossense Zeca do PT, e estreitaram a relação nos anos
seguintes.
Um dos delatores da Operação Lava Jato, o lobista
Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que repassou R$ 2 milhões a Bumlai referente a uma
comissão a que o pecuarista teria direito por supostamente pedir a
intermediação de Lula em uma negociação para um contrato e que Bumlai afirmou a
ele que o dinheiro seria usado para pagar uma dívida imobiliária de uma nora de
Lula.
Em entrevista ao jornal "O Estado de
S.Paulo" publicada em 25/10, Bumlai afirmou que não repassou R$ 2 milhões
para a nora do ex-presidente Lula, desmentindo Fernando Baiano.
O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defende o
empresário e pecuarista, disse que a prisão do cliente foi uma surpresa, porque
Bumlai estava em Brasília para atender convocação da CPI doBNDES. A defesa afirmou que ainda está se
inteirando dos fatos que motivaram a prisão.
Além de prender Bumlai, a PF fez buscas no quarto
dele, à procura de provas como documentos e computadores. Dois filhos dele são
alvo de condução coercitiva, quando a pessoa é convocada a depor e depois é
liberada. Também foram realizadas buscas na casa de Bumlai, em Campo Grande
(MS).
Polícia Federal cumpre mandado de busca e apreensão na casa de
pecuarista em Campo Grande (Foto: Marcos Ribeiro/ TV Morena)
A PF cumpre, desde a madrugada desta terça, a 21ª
fase da Lava Jato, batizada de Operação Passe Livre. Ao todo, foram expedidos
25 mandados judiciais, sendo um de prisão preventiva (a de Bumlai), além de 25
mandados de busca e apreensão e seis de condução coercitiva (dois para os
filhos de Bumlai). A ação é realizada em São Paulo, Rio de Janeiro, Mato
Grosso do Sul.
Empresário José Carlos Bumlai (Foto: Gabriela Biló/ Estadão Conteúdo)
Na entrevista, Bumlai disse que não é tão próximo
de Lula como é noticiado. Mas o pecuarista confirmou que levou um empresário do
setor de petróleo para uma audiência com o ex-presidente em 2011 a pedido de
Fernando Baiano.
'Passe
livre'
As investigações concentradas na atual fase da Lava Jato partem da apuração das
circunstâncias de contratação de um navio sonda pela Petrobras com indícios concretos de fraude no procedimento
licitatório, segundo a PF.
Entre os crimes investigados na atual fase estão
fraudes a licitação, falsidade ideológica, falsificação de documentos,
corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro, entre
outros.
De acordo com a PF, complexas medidas de engenharia
financeira foram utilizadas pelos investigados para ocultar a real destinação
de valores indevidos pagos a agentes públicos e diretores da estatal.
20ª fase
A fase anterior da Lava Jato, deflagrada na semana passada, havia
cumprido 18 mandados judiciais e prendeu o ex-gerente executivo da Petrobras
Roberto Gonçalves e Nelson Martins Ribeiro, apontado como operador financeiro.
saiba mais
O objetivo desta etapa, conforme o Ministério
Público Federal (MPF) e a PF foi buscar provas documentais sobre
crimes cometidos dentro da petrolífera. Os
dois presos são suspeitos de participação no esquema criminoso de fraude,
corrupção e desvio de dinheiro.
Eles são investigados por receber valores indevidos
de representantes de empresas com contratos relacionados às refinarias Abreu e Lima, em
Pernambuco, e Pasadena, nos Estados
Unidos, segundo a PF.
Ambos tiveram um mandado de prisão temporária
expedido. Após o término do prazo, no dia 20 de novembro, a Justiça pediu a
prorrogação por mais cinco dias. O prazo vence nesta quarta-feira (25).
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