sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Lula diz que não teme ser preso

O ex-presidente deu entrevista ao Jornal do SBT e falou sobre as operações Zelotes e Lava Jato


FOLHAPRESS
O ex-presidente Lula afirmou nesta quinta-feira (5) que não tem medo de ser preso pelas operações Lava Jato ou Zelotes. A declaração foi feita em entrevista ao programa SBT Brasil, da rede SBT.
"Não temo [ser preso]". "Eu duvido que tenha alguém neste país –do pior inimigo meu ao melhor amigo meu, qualquer empresário pequeno ou grande– que diga que um dia teve alguma conversa ilícita comigo", acrescentou.
O petista ironizou investigações que afetam seus familiares, principalmente o filho Luis Cláudio, e disse que o Brasil está "vivendo neste momento a república da suspeição". Segundo ele, hoje no país não é necessário ter provas contra um acusado, é preciso apenas suspeitar de alguém para que a pessoa esteja condenada.
Lula, que riu em mais de uma ocasião enquanto o jornalista Kennedy Alencar fazia perguntas sobre denúncias, foi novamente irônico ao ser questionado se nunca fora alertado sobre a corrupção na Petrobras.
"Eu não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, não fui alertado pela Polícia Federal, eu não fui alertado pelo Ministério Público e eu sou o presidente que mais visitou a Petrobras", declarou. "Essas coisas você só descobre quando a quadrilha cai", acrescentou.
Em delação premiada, o lobista Fernando Soares disse ter feito um pagamento de R$ 2 milhões a um amigo do petista, montante que seria destinado a uma nora do ex-presidente. O lobista disse que o dinheiro foi destinado ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.
Além disso, Luis Cláudio, um dos filhos do ex-presidente, foi alvo de busca e apreensão no âmbito da Operação Zelotes. Na operação, que apura esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), foi preso Mauro Marcondes, sócio da Marcondes e Mautoni. Em 2014, o escritório contratou a empresa de Luiz Cláudio por R$ 2,4 milhões.
Soberba
Na entrevista ao SBT, Lula também afirmou que seu antecessor na presidência, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tem "problema de soberba". "O FHC sofre com o meu sucesso", disse.
Questionado sobre uma fala de FHC, que o classificou como um político encantado pelas delícias do poder, Lula citou o escândalo da compra de votos para a emenda da reeleição, em 1997.
"Toda vez que ele [FHC] tiver que falar de corrupção, ele tem que lembrar da reeleição de 1997. Ele tem que lembrar que o único mensalão criado, reconhecido inclusive por deputados do DEM, que disseram que receberam [dinheiro], foi ele", argumentou.
O petista também disse estar disposto a ser candidato à presidência em 2018. "Para defender esse projeto, se eu perceber que ele vai correr risco, não tenha dúvida de que eu estou disposto a ser candidato", completou.
O ex-presidente reconheceu que o governo Dilma cometeu erros, e citou como exemplo a decisão de não aumentar o preço da gasolina em 2012 e o alto volume de desonerações concedidas.
No fim do dia, no encerramento da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, o petista afirmou que não irá admitir que o chamem de corrupto.
"Não vou mais admitir que corrupto nos chame de corrupto. Todos esses que ficam nos acusando, se colocarem um dedo no outro, não chega a 10% da minha honestidade nesse país", disse

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