Partidos que ajudaram Eduardo a eleger-se presidente orientam seus deputados para que o favoreçam - no Conselho e, mais tarde, no plenário da Câmara
Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados (Foto: Agência Brasil)
Ricardo Noblat
A largada será dada esta tarde para o julgamento pela Câmara dos Deputados do seu presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de mentir em depoimento à CPI da Petrobras e de ter ferido, assim, o decoro.
Ele disse à CPI que jamais teve contas bancárias no exterior. A Justiça da Suíça remeteu à brasileira farta documentação sobre quatro contas que Eduardo tinha por lá em seu nome e no nome da mulher e da filha.
Hoje, o Conselho de Ética da Câmara instalará o processo que poderá resultar na cassação do mandato de Eduardo. Três nomes de possíveis relatores serão sorteados. O presidente do Conselho escolherá um deles.
Até aqui, Eduardo está ganhando a parada para preservar o cargo e o mandato. A direção da Câmara, controlada por ele, usa e abusa dos prazos a seu favor.
Partidos que ajudaram Eduardo a eleger-se presidente orientam seus deputados para que o favoreçam - no Conselho e, mais tarde, no plenário da Câmara.
Quanto mais tempo o processo levar, mais Eduardo imagina que terá chances de ser absolvido. A essa altura, o desfecho do processo deverá ficar para março do próximo ano.
Mas caso se sinta seguro da vitória, Eduardo tratará de abreviar o desfecho. Daí a importância da escolha do relator do processo no Conselho de Ética, formado por 21 deputados.
O relator dará um parecer inicial recomendando ou não a aceitação do pedido para que Eduardo seja julgado. O parecer será votado pelo Conselho. Se Eduardo ganhar ali, a guerra irá adiante.
Com o eventual apoio de 51 deputados do total de 513, o parecer poderá ser submetido ao voto do plenário da Câmara. Que então decidirá a sorte de Eduardo.
Governo e oposição precisam de Eduardo para alcançar seus objetivos – o do governo de sustentar Dilma no cargo, o da oposição, o de desalojá-la dali. Eduardo joga com os dois lados.
Depende dele, e somente dele, a aceitação ou não de um pedido de impeachment contra Dilma. Eduardo prometeu uma decisão para este mês. Mas poderá empurrar o assunto com a barriga.
Ele não se move mais por razões políticas, mas unicamente por razões jurídicas. Fará o que melhor atenda aos seus interesses. Mesmo que não seja cassado por seus pares, poderá ser condenado e preso pela Justiça.
Antes mesmo de ser condenado, a Justiça poderá obriga-lo a afastar-se da presidência da Câmara a pedido da Procuradoria Geral da República.
Nenhum comentário:
Postar um comentário