*Augusto dos Anjos
-As árvores, meu filho, não têm alma
E esta árvore me serve de empecilho
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
-Meu pai, por sua ira não se acalma?
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho
Esta árvore, meu pai, possui minh"alma.
-Disse e ajoelhou-se, numa rogativa:
Não mate a árvore, pai, para que eu viva!
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
*Augusto dos Anjos, poeta paraibano, autor de Eu e Outras Poesias
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