A defesa do presidente
Michel Temer pediu nesta terça-feira (20) à noite ao Supremo Tribunal Federal
(STF) acesso à decisão do ministro Edson Fachin que autorizou, a pedido da
Procuradoria-Geral da República, a inclusão do
depoimento do doleiro Lúcio Funaro no inquérito da Odebrecht, que
investiga o presidente e ministros do governo.
O inquérito, aberto em março
do ano passado com base na delação de executivos da Odebrecht, busca indícios
de pagamento de propina pela empreiteira na Secretaria de Aviação Civil, que já
foi comandada por Eliseu Padilha (MDB-RS) e Moreira Franco (MDB-RJ) entre 2013
e 2015.
O presidente Michel Temer
foi incluído neste inquérito no início deste mês por decisão do
ministro Edson Fachin.
Acesso aos documentos
Temer definiu a estratégia
jurídica nesta terça com seus advogados no Planalto. Ele recebeu o advogado
Brian Alves Prado, que vai substituir Antonio Claudio Mariz no caso, já
que o
criminalista defendeu Funaro no passado.
Em outra denúncia contra
Temer, em 2017, Mariz também
deixou a defesa do presidente pelo mesmo motivo: alegou
conflito de interesses por ter defendido Funaro.
Temer pediu ao advogado
Brian Prado que solicitasse ao STF acesso às decisões sigilosas de Raquel Dodge
e Edson Fachin no inquérito da Odebrecht.
O blog obteve acesso aos
documentos. Mariz já não assina a petição, como fez no inquérito dos Portos,
que também investiga Temer.
Raquel Dodge pediu no dia 19
de fevereiro ao ministro Fachin que fosse juntado ao inquérito o termo de
depoimento número 5 do doleiro Lúcio Funaro. No dia 13 de março, ministro
Fachin deferiu o pedido da procuradora.
Procurado pelo blog, o
advogado de defesa de Temer Brian Prado confirmou que apresentou o pedido no
STF.
Depoimento de Funaro
No depoimento, Funaro,
delator do esquema, relata que o ex-ministro Geddel Vieira Lima
(MDB-BA) pediu a ele, em 2014, que retirasse R$ 1 milhão no escritório do amigo
e ex-assessor especial do presidente José Yunes, em São Paulo, e enviasse o
dinheiro para Salvador.
Yunes, por sua vez, afirmou,
em mais de uma ocasião, que Eliseu Padilha pediu a ele em 2014 para receber um
documento em seu escritório.
Funaro declarou que, segundo
Geddel o havia informado, o montante precisava ser enviado para Salvador,
cidade onde o ex-ministro tem residência.
Ainda conforme o operador
financeiro, esse dinheiro era referente a doação, via caixa 2, da construtora
Odebrecht. Ele acrescentou que, de acordo com Geddel, o repasse foi acertado
com Temer e Eliseu Padilha.
O acerto, segundo delatores
da Odebrecht, teria sido firmado em um jantar no Palácio do Jaburu no qual
teria sido discutida a divisão de
valores destinados ao MDB.
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