arte da sua vida vazia, desde quando colocou um ponto final no seu `ultimo relacionamento.
Mabel,executiva bem sucedida,só queria encontrar um amor. Aquela fêmea bonita,mulher de trinta,lutava para conhecer o homem da sua vida. Essa busca, parecia mais uma tortura medieval.
Garota de poucos amores. Mal começavam e acabavam. Semelhantes a bolinhas de sabão, sopradas por uma criança inocente. Bolinhas de sabão. Bolinhas de ilusão.
O ser humano é espantoso, nem Freud explica. Quer amar e ser amado de qualquer jeito. Até mesmo as prostitutas que entregam o corpo por dinheiro, no fundo só querem ser amadas.
Mabel era rica. Aliás é rica, mas é igualzinha a todo mundo: quer ser amada. Um amor tão forte como o do Príncipe de Gales e da Duquesa de Cornuália. Um amor tórrido quanto o de John Lennon e Yoko Ono
A charmosa executiva, nutria de forma obsessiva um desejo de amar e ser amada.
O namoro recente que deu em nada, deixou a moça com um ar sofrido de mulher afegã. Como sofrem as afegãs debaixo das soturnas burcas!Ser mulher numa cultura fundamentalista é viver como bicho acuado.
O poeta Augusto dos Anjos vociferou: "A mão que afaga é a mesma que apedreja." Há necessidade de muita cautela ao jogar-se numa paixão, mulher carente é presa fácil e ninguém tem obrigação de corresponder um amor com a mesma fúria. O amor brota naturalmente e se uma das partes não foi capaz de amar tão loucamente, esse coraçãozinho não tem culpa.
O amor é cheio de mistério.Não existe receita.A paixão é loucura, a paixão é cegueira...Quando torna-se ideia fixa, vira doença braba, coisa patológica, os apaixonados são todos loucos.
Belzinha ouviu de uma amiga: "Segue as atrizes globais, o casamento acaba e no outro dia já estão felizes aos beijos com outro". Pimenta nos olhos dos outros é refresco, meditava. Existe pouco macho na praça, homem para Mabel chamar de "seu" é agulha no palheiro. Dizem por aí, que macho é espécie em extinção.
Com um vestido preto colado, a moça esbanjando sensualidade, entra no seu carro blindado zerinho, enxuga algumas lágrimas, acelera o automóvel vermelho sangue e sussurra Fernando Pessoa:
"Se me ainda amas, por amor não ames, traíras-me comigo".
Liége Farias é cronista literária e graduada em Letras
Nenhum comentário:
Postar um comentário