Carlos Costa é jornalista e assistente social |
Das vendas fiadas em tabernas nas esquinas com registro em cadernetas anotadas pelos comerciantes mas ficavam na mão do cliente; não havia desconfiança;
Dos namoros inocentes e infantis da época;
Das bênçãos que tínhamos que pedir de todas as pessoas mais velhas;
Das bênçãos que tínhamos que pedir de todas as pessoas mais velhas;
Das manteigas tiradas com imensas colheres de madeira e entregues aos clientes embrulhadas em “papel manteiga”;
Da venda de mil cruzeiros de óleo, quando a pessoa levava seu próprio copinho quando se dirigia a uma taberna qualquer;
Da venda de apenas um ovo;
Dos furtos nos galinheiros dos vizinhos em época do sábado de aleluia, pois tudo era permitido; e a polícia nem ligava para esse tipo de coisa, pois era uma tradição.
Dos Judas queimados nas ruas ou explodidos em gostosas brincadeiras;
Da época que era coroinha na Igreja Dom Bosco só para poder jogar no time do “Pequeno Clero” como goleiro;
Tenho saudades das vendas de sacos de papel confeccionados com sacos de cimento virados do lado avesso para o transporte de peixes;
De minha infância perdida vendendo picolé, jornal, sacos de papel, cascalho. Ah, como eu era feliz naquela época!
Das brincadeiras de bola com os amigos, manja, barra-bandeira, 31 alerta!
Das muitas vezes que saía como um doido empurrando pneus ou aros de bicicletas como se fossem carros mesmo ou puxando cordas com “carros compactadores” produzidos com latas de leite cheias de areia!
De minhas idas e vindas aos comércios do bairro levando saco de pano na cor branca e bordado: “pão”;
Dos transportes de quaisquer tipos de mercadoria em sacolas de pano. No passado sim, nós já cuidávamos do planeta; nem sabíamos disso! Era um cuidado involuntário e não forçado, como se faz hoje em dia.
Da criação e implantação do Plano Real que deu uma paulada de morte na inflação, cada vez mais crescente.
Dos cantores brasileiros que trocavam de nomes para fazerem sucesso em língua americana.
Das músicas do passado, quando existiam letras, melodias e arranjos perfeitos.
Das “festinhas” em casas de amigos, sempre feitas com antecedência, com bebidas leves, sem drogas ou excessos!
Do Ministro Mário Andreazza, que confessava ser apreciador de um bom uísque, mas nunca se deixou fotografar com um copo em sua mão.
Enfim, tenho saudades das excelentes músicas de Chico Buarque de Holanda, da época da ditadura militar, quando suas letras eram primorosas, melodiosas e perfeitas.
Por fim, tenho saudades de Geraldo Vandré, que foi vaiado no Maracanãzinho e pedia desesperado aos que os vaiavam: “gente, gente, a vida não se resume em festivais”.
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