Ex-jogador francês terá a tarefa de 'limpar' a entidade
Prometendo uma nova era no futebol, volta da “dignidade” e uma “Fifa do povo”, o francês Michel Platini anunciou oficialmente na manhã desta quarta-feira sua candidatura para o cargo de presidente da Fifa. Se por anos ele colocou o posto como seu maior objetivo, a decisão de concorrer foi adiada desde pelo menos 2011 e gerou um racha entre ele e seu ex-mentor, Joseph Blatter. A eleição ocorre no dia 26 de fevereiro de 2016, em Zurique.
O ex-jogador havia sido escolhido pelo atual presidente da Fifa como a pessoa que o sucederia. Mas Platini considerou que Blatter o traiu. Em 2011, apesar de ter prometido que não concorreria a um quarto mandato, o suíço voltou a se apresentar às eleições. A ruptura foi inevitável. Em 2015, uma vez mais Blatter rompeu sua própria promessa e voltou a se candidatar.
Platini confirmou que será candidato à presidente da Fifa |
Platini considerava que, enquanto Blatter estivesse no páreo e usando toda a máquina financeira da Fifa para "comprar" votos, ele jamais conseguiria um apoio suficiente. Agora, sem Blatter na corrida e com a Conmebol enfraquecida, o francês considerou que chegou sua vez.
Em sua promessa de campanha enviada numa carta às 209 federações do mundo, o dirigente de 60 anos indica que quer “renovar” o futebol e que vai “trabalhar sem parar pelo interesse do futebol”. “Quero trazer de volta a dignidade para a Fifa e recolocá-la onde ela merece”, indicou o francês. “Estou num momento decisivo da minha vida e em eventos que estão moldando o futuro da Fifa.” Platini é presidente da Uefa. Ele ainda criticou o fato de que, por quase meio século, a Fifa teve apenas dois presidentes: João Havelange e Joseph Blatter.
“Durante quase meio século, a Fifa teve apenas dois presidentes”, escreveu. “Essa extrema estabilidade é um paradoxo num mundo que experimentou revoltas radicais e em um esporte que passou por mudanças econômicas consideráveis”, disse. “Mas eventos recentes forçaram o organismo supremo do futebol mundial a virar uma página e repensar sua governança”.
REVISÃO
Platini deixou claro que pesou seu passado como esportista na decisão anunciada nesta quarta-feira. “Essa foi uma decisão muito pessoal e cuidadosamente considerada”, declarou o francês, que indicou que fez um exame de seu passado em campo e o que o novo cargo poderia significar para sua história. O ex-jogador afirmou ainda que foi apoiado por muitos dirigentes pelo mundo, num esforço de mostrar que não será o candidato apenas da Europa. Ele ainda insistiu que, agora, quer unir o mundo do futebol e oferecer a todas as associações nacionais uma causa comum: “ouvir a todos e respeitar a diversidade do jogo pelo mundo”. Ele ainda promete “humildade” e a percepção de que “não pode agir sozinho”.
Platini, na carta a todas as associações nacionais, indicou que vem defendendo novas ideias para “dar de volta à Fifa a dignidade e a posição que merece”. Mas, por enquanto, não explicou o que pretende fazer para reconquistar a credibilidade mundial. Ele foi contra a introdução da tecnologia no futebol, não aprovou leis para estabelecer limites de mandatos na Uefa e não publicou seu salário. Além disso, ocupa por mais de dez anos a vice-presidência da Fifa, onde presenciou todos os escândalos sem agir.
Agora, promete mudanças e levar aos torcedores “a Fifa que todos queremos: uma Fifa que é exemplar, unida e que mostra solidariedade, uma Fifa que é respeitada, amada e que é do povo”.
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