Uma voz. Duas vozes. Outras vozes.
Milhões de vozes. Cosmopolitismos.
Gritos de feras em paroxismos,
Uivando subjugados e ferozes.
É a voz humana em intérminas nevroses,
Seja nas concepções dos ateísmos,
Ou mesmo vinculada a gnosticismos
Nos singultos preagônicos, atrozes.
É nessa eterna súplica angustiada
Que eu vejo a dor em gozos, insaciada,
Nutri-se de famélicos prazeres.
A dor, que gargalhando em nossas dores,
É a obreira que tece os esplendores
Da evolução onímoda dos seres.
AUGUSTOS DOS ANJOS, poeta de personalidade original, autor de Eu, paraibano, nasceu em 1884 e desencarnou em 1914, na cidade de Leopoldina, Mina Gerais. Inconfundível pela bizarria técnica, bem como dos assuntos de sua predileção.
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