Carlos Costa é jornalista |
Não desejo discutir o crime, mas sim saber se a Fundação Nacional do Índio – Funai, tinha conhecimento da presença desse arqueólogo americano pesquisando índios raros e em solo brasileiro? Será que não existiriam profissionais formados no Brasil que fossem capazes de promover a pesquisa e, a partir de seus resultados, produzirem novos conhecimentos? Por que são sempre os estrangeiros que vêm para a Amazônia realizar essas pesquisas? O crime, não desejo discuti-lo, mas sim, o fato da presença de estrangeiros que vêm à Amazônia pesquisar sobre índios raros, remédios produzidos a partir da floresta, insetos, cobras e outros animais!
Lembro-me com tristeza da presença na Amazônia do botânico inglês Henry Wickham que, se apresentando como pesquisador botânico, se transformou no primeiro “pirata ecológico” de que se tem registro na Amazônia, transportando milhares de sementes de seringueiras para a Inglaterra, quando, em 1827 a economia, o desenvolvimento social e econômico da Região era apenas gerada pela exportação de borracha natural. Com isso, a população da Região Amazônica subiu dos três mil habitantes em 1830 para 50 mil em 1880, com a vinda de ingleses, alemãs, que eram os exploradores e açorianos e principalmente, nordestinas que eram usados como mão de obra parada, em semi-escravidão. Mas Manaus mudou e depois ficou abandonada!
Os vários livros escritos na época e na atualidade, por vários e diversos autores brasileiros - amazonenses e estrangeiros- informam que o ato praticado por Henry Vickham causou o declínio da produção da borracha natural, causando o abandono da Região, com o desenvolvimento produtivo e comercial das sementes de seringueiras levadas pelo botânico e cultivadas com relativo sucesso na Malásia. A produção comercial na Inglaterra, teria causando à falência econômica, social e o abandono da capital. Mas existem autores que sustentam diversamente desse fato e garantem que o abandono da capital não teria sido causado pelo ato pirata de Henry Vickham e, sim, pela própria maneira predatória como era explorada a borracha. Mas, isso é para a história resolver com novas pesquisas!
Voltemos ao assassinato a sangue frio do arqueólogo americano James Petersen!
Não desconheço que o intercâmbio entre pesquisadores estrangeiros e brasileiros seja importante para o desenvolvimento de novos conhecimentos e novas metodologias. Mas o que me surpreende e acho estranho é o fato de um estrangeiro estar fazendo pesquisa em um município onde não existem mais índios, nem tribos raras como foi anunciado na notícia de sua morte.
Sei que no município existem muitas “terras de índios”, mas não desejo nem supor que ele estivesse coletando restos de cerâmicas antigas, deixadas pelos índios do passado que ocuparam aquelas terras no passado para outros fins, igual ao que fez no passado o pesquisador britânico Henry Vickham. Mas tudo é possível, como pode ser tudo impossível também. Mas que é estranho, ah, isso é!
Dos cinco que assassinaram o pesquisador, três pessoas já estão presas no município de Iranduba e o corpo assassinado seguiu para Manaus para ser liberado pela Polícia Federal e ser transportado para os Estados Unidos.
Segundo amigos que trabalhavam com o pesquisador, ele era uma pessoa que trabalhava em várias partes do continente, na Amazônia, no Caribe, na América do Norte e, em todos esses locais, ele fazia amigos e colegas. Janes Petersen, segundo seus amigos, tinha uma visão muito ampla da arqueologia do continente americano, lamenta o também arqueólogo Eduardo Neves, um de seus amigos.
Mas a pergunta é: será que os arqueólogos brasileiros não teriam competência para fazer essas mesmas pesquisas?
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