Para marqueteiros políticos, Pontífice conseguiu afastar notícias negativas
Sérgio Roxo,
Um sapato velho, um telefonema para o jornaleiro e uma viagem de ônibus. Os pequenos gestos dos primeiros dias do papado de Francisco dominaram o noticiário sobre o Vaticano e deixaram em segundo plano as denúncias de corrupção e pedofilia.
Na avaliação de especialistas em marketing político, o Pontífice argentino, com atitudes cuidadosamente estudadas, conseguiu mudar, pelo menos neste primeiro momento, a imagem da Igreja Católica.
— A Igreja estava sendo julgada só pelos defeitos e não pelas qualidades. Agora, começa uma discussão em torno das qualidades, com a possibilidade de se voltar para os pobres — avalia o publicitário Paulo de Tarso Santos, responsável pelo marketing das campanhas a presidente de Luiz Inácio Lula da Silva em 1989 e 1994 e de Marina Silva em 2010. |
Santos acredita que Jorge Mario Bergoglio, o novo Papa, “tem uma vocação muito grande para o marketing pessoal”.
— A partir da eleição dele, a Igreja passou a ser vista de uma forma bastante diferente. O marketing da simplicidade é muito poderoso. As pessoas se identificam muito. Ninguém é contra a simplicidade.
Na avaliação do antropólogo e publicitário Renato Pereira, marqueteiro das campanhas do governador Sérgio Cabral em 2006 e 2010 e do prefeito Eduardo Paes em 2008 e 2012, o Pontífice argentino tem “consciência de que é importante agir dessa maneira” num período em que a Igreja atravessa uma crise com escândalos sexuais e financeiros, que atingem dois de seus principais pilares: a ética e a moral.
— Para ser relevante, qualquer instituição depende hoje de credibilidade. Mas numa instituição religiosa, que fala da fé, tudo se baseia na crença e na credibilidade.
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