247 – Durante muitos anos, Luiz Sebastião Sandoval foi o braço direito de Silvio Santos, dono do SBT e um dos homens mais ricos do Brasil. Acompanhou o ex-camelô em todos os seus altos e baixos, mas deixou o grupo no auge do escândalo do PanAmericano. |
O banco quebrou em 2010, deixando um rombo de R$ 4,2 bilhões no
mercado, depois de ter vendido uma participação de 49% para a Caixa Econômica
Federal.
Na edição deste domingo da Folha de S. Paulo, que na capital
paulista circula aos sábados, há uma entrevista com Sandoval. Foi a primeira vez
em que ele falou sobre a crise.
E o depoimento é constrangedor para todos os envolvidos – do ex-presidente
Lula ao apresentador Silvio Santos, passando pelo ministro Guido Mantega, pelo
diretor Marcio Percival, da Caixa, e pelo ex-presidente do PanAmericano, Rafael
Palladino. Confira alguns trechos:
Sobre a quebra e a recusa de Silvio Santos em capitalizar o banco
No auge da crise de 2008, o PanAmericano correu o risco de quebrar e
precisava de R$ 300 milhões. Quando fiquei sabendo, liguei para o Silvio,
expliquei que o banco não pode ter caixa nem patrimônio negativos e pedi que
aplicasse, pessoalmente, R$ 300 milhões. Ele recusou. Se o banco quebrasse, o
grupo quebraria junto.
Sobre a negociação com a Caixa e a participação do ministro Guido
Mantega
O Silvio pediu para eu procurar o Lázaro Brandão, do Bradesco. Mas o banco
não se interessou. Aí fui à Caixa. Demorou mais do que o Silvio gostaria. Ele
tinha pressa e me pressionava. Para tranquilizá-lo, o Marcio Percival marcou um
encontro com o ministro Guido Mantega. O ministro garantiu que o negócio
interessava ao governo e que iria sair.
Sobre o interesse da Caixa
Muitos bancos menores tentaram ter a Caixa como sócia. Mas que banco tinha
Silvio Santos como dono?
Sobre as fraudes e a entrega de “gato por lebre”
Quando descobri, liguei no mesmo dia para o Márcio Percival. Ele ficou
atordoado. “E agora?”, disse. Tínhamos vendido gato por lebre para a Caixa.
Sobre a reação de Silvio Santos
Fomos até o SBT. O Silvio não entendeu nada e perguntou: “Eu fui roubado?”
Respondi que sim e, surpreendentemente, o Rafael Palladino (ex-presidente do
PanAmericano) ficou calado. Só sei que hoje ele é chamado de Judas pela família.
Antes, era o queridinho.
Sobre o encontro de Silvio Santos com Lula
A conversa de que o Silvio tinha ido até lá para pedir uma participação dele
no Teleton foi um discurso para a imprensa. Ele foi lá pedir a ajuda do
presidente.
Sobre o socorro do governo
Quando cheguei lá no Fundo Garantidor de Crédito, tive a sensação de que o
acordo já estava pronto. Só negociei as condições.
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