A
defesa do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega apresentou à Justiça Federal do
Paraná esclarecimentos sobre uma conta do cliente na Suíça e do recebimento de
quase US$ 1,3 milhão, depositado em duas vezes por Victor Sandri. Segundo
Mantega, o dinheiro é lícito.
A
informação foi divulgada nesta sexta-feira (8) pela jornalista Mônica Bergamo,
da "Folha de São Paulo".
Sandri
foi apontado como intermediador de propina para o ex-ministro na delação de
Joesley Batista, dono do grupo J&F.
Os
documentos – aos quais a RPC e o G1 também tiveram acesso –
foram anexados na quarta-feira (6) ao processo eletrônico, no âmbito da
Operação Lava Jato, que está sob a responsabilidade do juiz Sérgio Moro.
Sérgio
Moro havia pedido à defesa de Mantega para explicar a origem desse dinheiro. O
ex-ministro não é réu na Lava Jato.
A
origem do dinheiro
A
origem dos ativos mantidos na conta, de acordo com a petição apresentada pelos
advogados do ex-ministro, é um negócio imobiliário realizado com a construtora
de Sandri.
O
negócio foi a permuta de um imóvel que Mantega herdou do pai, Giuseppe Mantega,
por unidades de um edifício construído no local.
O
empreendimento imobiliário fica no Jardim Paulista, em São Paulo (SP), e foi
concluído no fim de 2005.
"Além
da entrega das unidades, foi acordado o pagamento de uma quantia em dinheiro, a
qual não foi prevista contratualmente justamente porque seria promovida por
meio de operação financeira entre contas bancárias à época não declaradas às
autoridades brasileiras", diz um trecho da petição.
Mantega
recebeu o depósito de metade do valor acordado com Sandri – de US$ 650 mil –
quando a construção foi terminada, conforme informado pela defesa.
Ainda
segundo os advogados do ex-ministro, a outra metade, de US$ 645 mil, foi
depositada depois da outorga da escritura definitiva das unidades.
Comprovantes
de depósito, extrato bancário, certidão de dados cadastrais do imóvel e
escrituras da permuta estão entre os documentos entregues pela defesa de
Mantega à Justiça.
Em
depoimento à Polícia Federal (PF) de Brasília, em abril deste ano, Sandri já
tinha relatado esses fatos que, agora, foram apresentados pelo ex-ministro.
Mantega
e a Lava Jato
Mantega
chegou a ser preso na 34ª
fase da operação, em setembro de 2016, mas foi solto no
mesmo dia.
Essa
etapa da Lava Jato investigou a contratação, pela Petrobras, de empresas para a
construção de duas plataformas de exploração de petróleo na camada do pré-sal,
as chamadas Floating Storage Offloanding (FSPO's).
Na
época, a Polícia Federal (PF) afirmou que, em 2012, o ex-ministro "teria
atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse
de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partido político da
situação".
Mantega
foi o ministro por oito anos, de 2006 a 2014. Ele foi o ministro da Fazenda
que mais tempo
permaneceu no cargo em governos democráticos.
Operação
Zelotes
Mantega e
Sandri são réus na Operação Zelotes, que corre na Justiça Federal de
Brasília. Eles respondem por corrupção e lavagem de dinheiro.
De
acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Mantega beneficiou
Sandri em um julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão
vinculado ao Ministério da Fazenda no qual empresas recorrem contra multas
aplicadas pela Receita Federal.
A
multa aplicada à defesa de Sandri chegava a R$ 110 milhões, conforme a
denúncia.
A
defesa de Sandri disse em março, quando houve a denúncia, que ela era infudada.
Já a defesa de Mantega acabou não comentando o assunto na época.
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