Marcos Valério, Ramon
Hollerbach e Cristiano Paz foram condenados, em primeira instância, a 16 anos e
9 meses de prisão, em regime fechado, pelos crimes de peculato e lavagem de
dinheiro. A sentença foi proferida na última sexta-feira (15) pela juíza Lucimeire
Rocha, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, e está prevista para ser
publicada nesta terça-feira (19). Da decisão cabe recurso.
Os acusados foram condenados
pelos crimes cometidos durante a campanha eleitoral pela reeleição de Eduardo
Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais, em 1998. Valério, Hollerbach e
Cristiano Paz também foram condenados ao pagamento de 400 dias-multa, cujo
valor foi fixado em um salário mínimo vigente na época dos crimes.
De acordo com a denúncia do
Ministério Público, dentre as estatais investigadas estão a Companhia de
Saneamento de Minas Gerais (Copasa), a Companhia Mineradora de Minas Gerais
(Comig) e Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), que foi privatizado em
setembro de 1998.
Segundo o processo, as
agências de publicidade SMP&B, da qual Valério, Cristiano Paz e Ramon
Hollerbach eram sócios à época, e DNA Publicidade e Propaganda captaram verbas
de patrocínio para realizado do Enduro da Independência, do Supercross e do
Iron Biker, mas o dinheiro era destinado para a campanha de Azeredo. No pleito,
o então governador perdeu para Itamar Franco (PMDB).
Na sentença, a juíza Lucimeire
Rocha destacou que as consequências dos crimes foram prejudicais aos cidadãos
do estado. “As consequências do crime são aquelas nefastas à população, uma vez
que, quando recursos públicos são desviados, resta subtraído do povo,
destinatário dos serviços públicos, o direito de viver melhor, com mais
igualdade de acesso, de acordo com os altos impostos pagos neste país”,
pontuou.
A magistrada registrou também
que, ao concordar com desvio de verbas públicas, os acusados contibuiram para o
aumento da "descrença dos cidadãos na democracia".
"Os motivos do crime não
lhe são favoráveis, porquanto visou incrementar os recursos do caixa 2 da
campanha de Eduardo Azeredo violando as regras da igualdade tão necessárias nos
pleitos eleitorais para que, de fato, o resultado reflita o interesse popular.
Além disto, este tipo de prática criminosa impede a alternância de poder, tão
salutar ao desenvolvimento do regime democrático", ponderou a juíza
Lucimeire Rocha.
O advogado Estevão Ferreira de
Melo, que representa Ramon Hollerbach, disse que o seu cliente completou 70
anos no dia 13 de junho, o que impossibilitaria a condenação dele. “A única
sentença que seria dada era o reconhecimento da prescrição, ela [juíza] não
poderia sentenciar. O Código Penal diz que até a data da sentença, se o réu
completar 70 anos antes da sentença, o prazo prescricional é contado pela
metade”, afirmou. O defensor falou que vai recorrer, pedindo esclarecimentos.
O criminalista Castellar Neto,
que defende Cristiano Paz, afirmou que também vai recorrer. "O papel
desempenhado por Cristiano Paz, no dia a dia da agência, era exclusivamente
dedicado à atividade publicitária, sem qualquer ingerência na parte
administrativa ou financeira. Por isso, a defesa entende que a condenação não
merece prosperar", argumento.
A reportagem entrou em contato
com a defesa de Marcos Valério e aguarda um retorno.
Acusados
cumprem pena no mensalão do PT
Marcos Valério foi condenado a 37 anos de prisão no mensalão do PTe
está preso em regime fechado na Associação de Proteção e Assistência aos
Condenados (Apac), em Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais. Ele
também é réu em um dos processos da operação Lava Jato, que investiga esquema
de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras.
Mensalão
tucano
De acordo com a denúncia, o
mensalão tucano teria desviado recursos para a campanha eleitoral de Azeredo,
que concorria à reeleição ao governo do estado, em 1998.
O esquema envolveria a
Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig), a Companhia de Saneamento de Minas
Gerais (Copasa) e o Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) e teria desviado ao
menos R$ 3,5 milhões por meio de supostos patrocínios a três eventos
esportivos: o Iron Biker, o Supercross e o Enduro da Independência. Todos os
réus negam envolvimento nos crimes.
“Confiamos na independência e
na qualidade do Poder Judiciário mineiro. A douta juíza já demonstrou isso
quando o absolveu do crime mais grave, após aprofundado exame da prova. A
condenação pelo delito menos grave deveu-se a equívoco de interpretação, que
temos certeza que será corrigido no Tribunal”, afirmou o defensor de Andrade
por meio de nota no dia que apresentou o recurso.
O jornalista Eduardo Guedes,
que atuou como secretário adjunto de Comunicação Social na gestão de
Azeredo, foi recentemente condenado por envolvimento no esquema.
No início deste mês, a juíza Lucimeire Rocha, titular da 9ª Vara Criminal de
Belo Horizonte, determinou que ele cumpra 17 anos e cinco meses de prisão.
O MPMG informou que a
promotora Patrícia Varotto, da 17ª Promotoria de Justiça de Belo Horizonte,
pediu o aumento da pena. O advogado Sânzio Baioneta, que defende Guedes, disse
que recorreu da decisão. “Entrei com embargos declaratórios em decorrência das
omissões da sentença, que não apreciou as teses de defesa”, afirmou.
Em outubro do ano passado,
Caporali foi condenado a 4 meses e 15 dias de detenção em regime aberto por
desvio de dinheiro público. Na ocasião, o advogado Hermes Guerrero, que
representa Caporali, negou que o seu cliente tenha desviado recursos públicos. Guerrero
recorreu da sentença.
Em relação a Lauro Wilson, a
Justiça considerou extinta a punibilidade. O prazo prescreveu porque o réu
completou 70 anos em 2017.
Outro réu ainda responde ao
processo na Justiça de Minas Gerais.