quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

STF detém o avanço do processo de impeachment

Ricardo Noblat

O dia 8 de dezembro de 2015, uma terça-feira, certamente marcará o início da conversão dos que defendem o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas não acreditam que ele seja possível.
Na mais recente pesquisa do Datafolha, dos últimos dias 25 e 26, 65% dos entrevistados foram favoráveis ao impeachment, mas 56% não viam chances de isso ocorrer. Nesse caso, 62% queriam que Dilma renunciasse ao cargo.
O número de céticos deverá ser reduzido em breve depois da acachapante derrota colhida pelo governo na composição da Comissão Especial da Câmara dos Deputados que começará a apreciar o impeachment.
No âmbito do próprio governo, aumentou o percentual daqueles que já não descartam a possibilidade de Dilma renunciar para não ser derrubada. “A presidente sofreu um duro abalo com a derrota”, admite um ministro que prefere não se identificar.
É bem verdade que o placar final, por mais doloroso que tenha sido para Dilma, não chegou a ser desesperador.  O governo foi goleado por 272 votos contra apenas 199. Mas ele precisa de apenas 172 votos para sepultar o impeachment na Câmara.
Em tese, portanto, tem esses votos. Como a votação para a composição da Comissão foi secreta, o governo imagina que com o voto aberto no plenário terá muito mais do que os 199.
Poderá ser justamente o contrário. O voto aberto favorece a traição. Mas se o governo chegar ao final do processo do impeachment ainda mais debilitado do que está, quem terá coragem de pôr a cara à mostra votando a seu favor?
Político morre, mas não se suicida. Ainda mais em ano eleitoral como o de 2016. A expectativa do brasileiro para os próximos meses só faz piorar. E a economia não dá nenhum sinal de melhora. Pelo contrário.
A pesquisa Datafolha conferiu que o pessimismo cresce. Por exemplo: 77% dos entrevistados esperam o aumento da inflação, 76% do desemprego, e 67% acreditam na queda do poder de compra do salário.
É por isso que o governo quer a suspensão do recesso de fim do ano do Congresso para que o processo do impeachment chegue ao fim mais rapidamente. E a oposição não quer.
A esperança de Dilma em ganhar um novo fôlego está na decisão tomada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele paralisou o processo de impeachment para que o tribunal julgue ações impetrados por partidos do governo.
Na próxima semana, a pretexto de julgá-las, o STF poderá legislar sobre o rito do processo. Como Lula e Dilma indicaram a maioria dos ministros do tribunal, é possível que o governo ganhe alguma coisa no tapetão. 
Cartão vermelho justiça (Foto: Arte: Antônio Lucena)
Arte: Antônio Luce

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