Ricardo Noblat
Dilma já teve pelo menos 12 anos para aprender como fazer política e lidar com políticos – oito ao lado de Lula e os quatro mais recentes depois de tê-lo sucedido.
Desperdiçou o tempo. Se é que tentou aproveitá-lo para aprender alguma coisa.
Há mais de um mês que anunciou para o final de setembro a reforma administrativa do governo. Leia-se: a extinção de ministérios, a fusão de órgãos públicos e o corte de cargos.
Conversou a respeito com um número reduzido de auxiliares. Não consultou os partidos. Deixou para ouvir o mais importante deles, o PMDB, às vésperas de viajar aos Estados Unidos.
Resultado: o PMDB deu-lhe um fora. Por meio dos seus três principais líderes – o vice-presidente da República e os presidentes do Senado e da Câmara – o partido recusou-se a discutir o assunto.
Disse-lhe Michel Temer que o PMDB não será empecilho para a reforma. Foi a maneira elegante que encontrou de informar: vire-se sem a nossa ajuda.
Então a luz vermelha acendeu no terceiro andar do Palácio do Planalto. É ali que funciona o gabinete do presidente da República.
Dilma pediu socorro ao governador do Rio de Janeiro, um cidadão simpático, mas que não manda, sequer, no PMDB carioca. Pediu socorro aos líderes do PMDB na Câmara e no Senado.
O da Câmara chegou por lá outro dia. Deve o cargo de líder a Eduardo Cunha, presidente da Câmara.
O líder do Senado deve a Dilma o emprego do genro. Por mais boa vontade que tenha com ela, não tem força para trombar com Renan Calheiros, presidente do Senado.
Pela segunda vez seguida, Dilma se imaginou mais esperta do que todos esses políticos experientes.
Mandou para o Congresso um orçamento deficitário. Queria comprometer o Congresso com uma solução para o rombo. O Congresso não caiu na armadilha.
Agora, usou a ideia da reforma administrativa para comprometer os partidos que apoiam o governo com a defesa do seu mandato. Estava disposta a fatiar o governo com os que lhe jurassem fidelidade.
O PMDB não quis beijar a cruz. Avançou mais uma casa na direção do rompimento com ela.
Michel Temer e Dilma Rousseff (Foto: AFP) |
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