Ricardo Noblat
Quando o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, julgado, condenado e preso por envolvimento com o esquema do mensalão, perderá sua condição de bola da vez?
A Justiça quebrou o sigilo fiscal e bancário da JD Consultoria, empresa dele. E descobriu que ela recebeu R$ 4 milhões pagos por empreiteiras acusadas de roubalheira na Petrobras.
As empreiteiras: Galvão Engenharia OAS e UTC. Executivos delas estão no cárcere da Polícia Federal, em Curitiba. Os pagamentos foram feitos entre 2009 e 2013. Dirceu deixou o governo em 2005.
O ex-ministro reconhece que recebeu o dinheiro. Alega que prestou consultoria às empresas. Ou se prova que ele mente ou de nada poderá ser acusado.
Vejam o caso de Lula. Depois que deixou o governo no primeiro dia de janeiro de 2011, passou a prestar serviços às maiores empreiteiras brasileiras. Essas mesmas cujos executivos estão presos.
Ganha das empreiteiras por dois tipos de serviços: palestras que faz aqui e no exterior, e lobby. Ele se empenha junto a governos onde fez amizades para ajudar as empreiteiras a fecharem negócios.
Alguma ilegalidade nisso? Nenhuma, aparentemente. Talvez haja aí um problema de aspecto moral. Lula se vale do cargo que exerceu para ficar rico. Presidente americano também age assim.
Por que não se quebra o sigilo fiscal da empresa de Lula que fornece notas fiscais a quem o contrata? Isso poderia ter alguma coisa a ver com a roubalheira na Petrobras?
Afinal, o que distingue as situações de José Dirceu e de Lula?
Lula e José Dirceu (Imagem: José Cruz / Agência Brasil )
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