Espelho meu, amigo de outras eras,
por que já não sorris do meu sorriso?
por que, no tempo em que de ti preciso,
roubas de mim sonhadas primaveras?
Conduzes os desdouro das heteras
no pretume das manchas, como aviso
da passagem dos anos que diviso
no fosco do teu brilho de quimera.
Quando moço, tu me cuidavas tanto!
Em ti, sequer, eu divisava o pranto
de meu olhar aflito e mal amado.
Envelheceste, espelho meu! E eu
continuo a buscar no rosto teu
o meu rosto perdido no passado.
RONALDO CUNHA LIMA, ex-governador e poeta paraibano
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