Carlos Costa é jornalista, escritor e assistente social |
Mas quem disse que um cientista turrão, metódico e exemplar, também não poderia ser um excepcional compositor de letras como que ficaram eternizadas nas vozes de muitos cantores brasileiros como “Ronda”, “Volta por cima” e “na boca da noite”?
Mas não desejo escrever sobre o zoólogo que também trabalhou no Instituto Municipal de Pesquisas da Amazônia – INPA, em Manaus. Mas quero dizer que ontem eu fiz uma ronda pela cidade e tentei encontrá-lo, mas soube que você estava morto.
No meio de olhares desconfiados por ver um homem procurando outro homem em todos os bares entrei, mas você não se encontrava em nenhum deles. Voltei para casa abatido, desencantado da vida e vi o sonho e a alegria de poder encontrá-lo, abraçá-lo e lhe pedir um autógrafo, se esvair pela ponta de meus dedos - que teclavam ágeis a máquina de escrever Olivetti, línea 98, que usava na época de repórter de A NOTÍCIA - porque neles você não se encontrava. Também fiquei triste por saber de sua morte aos 89 anos, vítima de pneumonia adquirida pela idade, o que tirou de mim toda a alegria.
Mas, “ah, se tivesse quem me quisesse/ a esse alguém eu diria/desiste, esta busca é inútil”, mas eu continuaria a procurá-lo porque eu não desistiria. “Porém, com perfeita paciência/volto a te buscar/hei de encontrar...”
E deu na edição do Bom dia Brasil a notícia de sua morte e no Jornal Hoje, mais detalhes sobre seu falecimento. Uma pena! Mas todos nós nascemos e começamos a morrer ainda dentro do útero!
O incrível é que o poeta que embalou gerações com sua bela composição “Ronda”, descrevendo um crime segundo fiquei sabendo – e eu que pensava que você havia escrito “ronda” para uma mulher -, não estava “jogando bilhar” na Avenida São João e, sim, dentro de um caixão e sendo velado.
Vá em paz! Suas composições permanecerão para sempre no imaginário de todos os brasileiros! E, desculpe-me, porque nem lhe pedi autorização para prestar-lhe essa homenagem usando a sua música mais regravada – Ronda – pelos cantores brasileiros. Os que conviveram com você e, mesmo aqueles que nunca o conheceram como eu, porque sempre que desejava entrevistá-lo no INPA, quando trabalhava no jornal A NOTÍCIA, sempre havia algum problema e nunca chegava até o seu local de trabalho. Mas, saiba, todos lembrar-se-ão para sempre de suas canções!
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