Ainda não foi dada a largada para a eleição municipal deste ano, mas a baixaria, disparada em silêncio, já fez sua primeira vítima – a deputada federal Rebecca Garcia (PP-AM), candidata favorita a prefeita de Manaus até o último sábado, dia 30.
O que aconteceu entre a tarde do dia 27 de junho e as primeiras horas da madrugada do dia 30 quando Rebecca reuniu a família em sua casa e, sem disfarçar o nervosismo e soluçando em alguns momentos, anunciou que desistia de concorrer à prefeitura?
Na tarde da quarta-feira dia 27, Eduardo Braga (PMDB), ex-governador do Amazonas e líder do governo no Senado, ocupou a tribuna daquela Casa para informar a seus pares que continuaria no cargo que Dilma lhe deu e que apoiaria Rebecca para prefeita.
- Vamos seguir construindo, junto com o Governador Omar, com o povo e as bênçãos de Deus, o sucessor da nossa administração na Prefeitura de Manaus, para, sob as bênçãos de Deus, eleger a deputada Rebecca Garcia futura prefeita da cidade Manaus.
Na tarde da sexta-feira dia 29, o governador Omar Aziz (PSD), duas vezes vice-governador quando Braga se elegeu e se reelegeu governador em 2002 e 2006, anunciou que o vereador Marcel Alexandre (PMDB), indicado por Braga, seria o vice de Rebeca (foto abaixo).
E antecipou: “Amanhã estaremos com vários partidos dando apoio a uma candidatura que nasce do entendimento de que a sensibilidade que a mulher tem pode ajudar a construir uma cidade melhor onde as pessoas possam viver com qualidade de vida”.
Aconteceu o seguinte entre as tardes de quarta e sexta-feira: Braga convocou Rebecca para uma reunião demorada. A versão mais amena do encontro diz que ele alertou Rebeca para baixarias que seriam usadas contra ela durante a campanha.
A versão mais pesada, que Braga teria mostrado a Rebeca fotografias dela na companhia do ex-vereador Ari Moutinho. Ambos são casados com outros parceiros. No ano passado, telefonemas amorosos trocados por eles foram parar na internet.
Rebeca também ficou sabendo por meio de Braga que na quinta-feira, dia 28, um vídeo com cenas de sua intimidade começara a circular entre membros da Igreja Assembléia de Deus. Braga não precisou sugerir a Rebecca que renunciasse à candidatura.
“Ninguém governa governador”, observou um dia Agamenon Magalhães, ministro do presidente Getúlio Vargas, interventor e depois governador de Pernambuco nos anos 50. Braga tenta governar Aziz desde que ele o sucedeu no cargo de governador.
Aziz e sua influente mulher bancaram a candidatura de Rebecca, deputada federal pela terceira vez e filha do empresário Francisco Garcia, homem de muito dinheiro e dono da TV Rio Negro, filiada à Rede Bandeirantes de Televisão.
Braga preferia que o 1º Casal apoiasse a candidatura a prefeito de Marcos Rotta (PMDB), ex-apresentador de programas populares de televisão no interior do Paraná e no Amazonas, deputado estadual pela terceira vez.
Aziz prometeu a Rotta a presidência da Assembléia Legislativa a partir do próximo ano. Foi o que bastou para que Rotta dissesse a Braga que abdicava de ser candidato. Só o seria se Aziz o apoiasse. Aí Braga... Bem...
Braga não emplacou Rotta como queria. Nem o 1º Casal emplacou Rebecca. A candidata deles a prefeita de Manaus será a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B). Ninguém mais se empenhou pela escolha de Vanessa do que o pai de Rebecca.
Francisco Garcia é suplente de Vanessa. Gastou muito para elegê-la. Se Vanessa vencer a eleição para prefeita, Garcia assumirá sua vaga no Senado.
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