Dois irmãos morreram no Amazonas após contrair raiva humana por
mordida de morcegos. Um adolescente de 17 anos morreu no dia 16 de novembro e a
irmã dele, de 10 anos, no último sábado (2). Outro irmão, de 14 anos, está
internado, em coma induzido, na Fundação de Medicina Tropical, em Manaus. A
equipe médica aguarda confirmação de exame laboratorial, mas já trata o
adolescente com protocolo para raiva humana.
Os três irmãos infectados são da comunidade Tapiira, localizada
na Reserva Extrativista do Rio Unini, entre os municípios de Barcelos e Novo
Airão. De acordo com o diretor da Fundação de Medicina Tropical, Antônio Magela
Tavares, outro adolescente da mesma família está sendo procurado para receber
acompanhamento médico.
"É uma situação dramática em que os médicos da minha
geração não têm experiência nenhuma com raiva. [Eu] nunca tinha visto casos de
raiva. Mas o que a gente conhece é que as pessoas que tenham contato com
animais como cães, gatos, bois, macacos e morcegos, se forem mordidas, lavem
muito o local da ferida com água e sabão, que neutraliza qualquer tipo de
vírus", afirmou Tavares.
O Amazonas não registrava caso de raiva humana desde 2002,
quando foram notificadas duas mortes. A doença é considerada rara, mas, em 2004
e 2005, 44 pessoas morreram infectadas em cidades na divisa entre o Pará e o
Maranhão.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (4), o Ministério da Saúde
informa que, de janeiro a novembro deste ano, enviou ao Amazonas quase 25 mil
doses de vacina antirrábica humana e 490 mil doses de vacina antirrábica
canina. Nos últimos 10 dias, foram enviados 700 frascos de soro antirrábico
humano em caráter suplementar.
O diretor da Fundação de Vigilância em Saúde, Bernardino
Albuquerque, disse que duas equipes de apoio foram enviadas à Reserva
Extrativista do Rio Unini. A força-tarefa conta com profissionais e técnicos
municipais, estaduais e federais. Ele informou que tem sido feito um trabalho de
captura de morcegos nessa área, com o devido tratamento para eliminar a
colônia. "Outra parte importante é tentar esclarecer o por quê da invasão
de morcegos nessas áreas", acrescentou Albuquerque
Entre as possíveis causas do aumento do número de morcegos nas
áreas de moradia da reserva estão a seca prolongada, as queimadas, o
desmatamento e a morte de animais silvestres que serviam de alimento para os
morcegos. Após a mordida, a raiva humana pode se desenvolver entre uma semana e
nove meses.
Os principais sintomas são déficit motor, com dormência ou
formigamento de membros e mudança de comportamento. Qualquer mordida de morcego
deve ser investigada, e a vítima levada imediatamente para uma unidade de
saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário