A Procuradoria-Geral da
República entregou nesta segunda-feira (19) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a
documentação referente aos acordos de delação de executivos da empreiteira
Odebrecht no âmbito da operação Lava Jato. O ministro Teori Zavascki vai
começar a analisar o material em janeiro, informou o STF.
No total, 77 executivos e
ex-executivos da empreiteira firmaram acordos de delação com os procuradores da
Lava Jato, e agora cabe a Teori, relator dos processos decorrentes da operação,
decidir se vai homologar ou rejeitar cada um dos acordos.
O ministro Teori Zavascki
disse a jornalistas que ainda não examinou o material que veio da PGR e
assegurou que seu trabalho está “em dia”. “Eu não examinei ainda esse material
que veio. Vou examiná-lo, mas vamos seguir aquilo que a lei manda”, disse o
ministro a repórteres no Supremo.
“Eu tenho em torno de 100
inquéritos sobre matéria penal no meu gabinete e eu não tenho nada atrasado.
Essa fase de investigação é uma fase que depende muito mais do Ministério
Público e da polícia do que do juiz”, disse. “É claro que eu tenho um volume
grande de trabalho, especialmente quando vêm as denúncias e eventualmente
quando vêm pedidos de medidas cautelares etc. Mas o meu trabalho está em dia”,
acrescentou.
A Odebrecht assinou no
início de dezembro um acordo de leniência com a força-tarefa da Lava Jato, no
qual aceitou pagar multa de 6,7 bilhões de reais. O ex-presidente da empresa
Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba e já condenado a 19 anos de prisão em ação
penal da Lava Jato, está entre os executivos que prestou depoimentos.
A delação da Odebrecht,
maior empreiteira da América Latina, tem sido apontada como uma das mais
aguardadas da Lava Jato e a que tem maior potencial de provocar abalos ainda
maiores no cenário político. Nas investigações da Lava Jato, a Polícia Federal
e o Ministério Público Federal encontraram uma planilha que, afirmam, indica
pagamentos feitos pela empreiteira a políticos de vários partidos.
Vazamentos de uma das
delações, do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Claudio Melo
Filho, citaram recursos repassados a líderes peemedebistas, incluindo o
presidente Michel Temer.
Além de Temer, foram citados
o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o secretário do Programa de Parcerias
de Investimento, Moreira Franco, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira
(CE), o presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), e o líder do governo no
Congresso, Romero Jucá (RR), além de políticos de outros partidos, como o
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os políticos negaram
qualquer irregularidade.
Segundo reportagem do jornal
O Estado de S. Paulo desta segunda-feira, a Odebrecht também teria afirmado em
delação que a chapa da presidente cassada Dilma Rousseff e do presidente Michel
Temer recebeu cerca de 30 milhões de reais em caixa 2 da empreiteira na
campanha de 2014. Procurada, a Odebrecht disse que não se manifesta sobre o
tema, mas reafirmou o “compromisso de colaborar com a Justiça”.
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