Por José MARCELINO RIBEIRO
O local repleto de pessoas, quando
momentaneamente surgiu uma mulher embriagada, zanzando na via pública. Ora se
lançava à frente de carros, ora os chutava. Nesse ínterim, o aglomerado de
gente recrudescia, e como uma vedete, tentava arrancar do grande público,
risos. Cláudia cada vez mais se exasperava para não pôr fim a vida.
Descontraidamente, um grupo de jogadores de brilharito resolveu participar
daquela sena grotesca.
_ Ah! minha filha, tu queres morrer? Vens que te
jogo de encontro a um ônibus, comentava um rapaz descontraído.
_ Ela lá quer morrer. Se o quisesse,
o primeiro carro que passasse se jogaria terminantemente sob os pneus do
couraçado, logo, logo, partiria dessa pra melhor, arrotava outro transeunte,
que na hora espera um táxi.
Valha-me
Deus!, essa mulher, realmente quer perder a vida aquilo de mais precioso temos,
falava enfurecido um dos jogadores de bilhar.
_ Taca-lhe a
mão na cara, estar precisando é de muita porrada, gritou outro parceiro ,
pálido com o desenrolar da cena , naquele instante.
Entre gritaria
de socorram a mulher, risos e pedidos para que chamassem a polícia, chega o
marido da que tentava dar cabo à vida.
_ Não quero
mais saber de ti, dizia Cláudia, aos berros cada vez mais histéricos.
_ Vamos pra casa
cuidar dos nossos filhos, implorava João. Cláudia, no entanto, não queria
acordo. Só mesmo morrer lhe interessava naquela hora, desencantada com a vida
que desfrutava, desgarrou-se das mãos do seu companheiro, como quem dá um impulso
de um trampolim para mergulhar em uma piscina.
Numa ação
quase imperceptível, João deu-lhe uma gravata, logo em seguida, meteu-lhe os
cinco dedos no foucinho. Ah! Não prestou. Ela esperneou, xingou a mãe de todos
que estavam ao redor. Foi um carnaval fora de época.
_ Escuta aqui,
ó sua... respeite. Estás pensando o quê? Acho bom, calar-te,
antes que me aborreça, reagiu o moço que espreitava o fato.
_ Vai-te
embora, Cláudia, dizia “ pequeno”, dono do bar onde ocorria o incidente. Deixas
de aperrear o nosso recinto. Queres nos precipitar. Vais cuidar dos teus
filhos. Ela, porém, não fazia acordo nem com o homem que supostamente amava,
imagine as pessoas que rogavam para que parasse com aquele espetáculo.
_ Lá vêm os “homes”, Cláudia, diziam alguns, pra
ver se a coisa se acalmava e nada. Ah, não prestou. Foi nego correndo pra todo
lado. A sirena da polícia aberta, como
numa operação de guerra os policiais, de supetão, jogaram-na dentro do
camburão, como se fosse um saco de mercadoria qualquer. E a partir daquele
momento, Cláudia, certamente veria o “sol quadrado”. Feita a operação, a
viatura saiu em velocidade que até hoje não se sabe o itinerário tomado.
A verdade é
que, numa fração de segundo não se notou a presença de uma pessoa, sequer, no
local. Talvez com medo de prestar depoimento na delegacia, onde Cláudia, possivelmente
ficou detida, pois todos fugiram com a rapidez de uma estrela cadente, com
receio, sem dúvida, de serem inquiridos a prestar esclarecimentos aos que a
detiveram.
José MARCELINO RIBEIRO é graduado em Comunicação
Social (jornalista) e autor de Um
Bacurau No Poder.
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