Presidente justifica ação por suposta manipulação de preços da rede.
Gerentes foram presos; Maduro alega "guerra" econômica contra ele.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou uma "ocupação" militar na cadeia de lojas de produtos eletrônicos Daka, em uma ofensiva contra o que o governo socialista afirma ser uma manipulação de preços lesando a economia do país.
Vários gerentes das cinco lojas, com 500 funcionários, foram presos e agora a empresa vai ser forçada a vender produtos a "preços justos", disse o presidente na última sexta-feira.
"Eu ordenei a ocupação imediata desta rede de lojas para oferecer seus produtos a preços justos. Não deixe nada sobrar no estoque... Vamos vasculhar toda a nação na próxima semana. Esse roubo ao povo tem de parar".
Maduro, que assumiu o governo após a morte de Hugo Chavez, em abril, parou completamente com as nacionalizações, neste caso, dizendo que autoridades iriam forçar a Daka a vender produtos a preços fixados pelo estado.
Críticos afirmam que a inflação galopante do país - a taxa anual é de 54%, a maior desde que Chavez chegou ao poder, em 1999 - ocorre devido a má gestão econômica e ao fracasso das políticas socialistas, e não a empresários inescrupulosos.
Muitos economistas preveem uma desvalorização do câmbio venezuelano após as eleições, talvez no começo do próximo ano, mas autoridades do alto escalão negam a previsão repetidamente.
Invasão
Centenas de venezuelanos lotaram neste sábado (9) as lojas de uma das maiores redes de eletrodomésticos, alvo de intervenção do governo, que determinou uma redução de até 50% nos preços dos artigos por considerar que foram aumentados de forma irregular, constatou a AFP.
Centenas de venezuelanos lotaram neste sábado (9) as lojas de uma das maiores redes de eletrodomésticos, alvo de intervenção do governo, que determinou uma redução de até 50% nos preços dos artigos por considerar que foram aumentados de forma irregular, constatou a AFP.
Desde a madrugada, em alguns casos desde a tarde de sexta-feira, uma multidão de venezuelanos se concentrou nos arredores das lojas da rede Daka, duas em Caracas e três no interior, para comprar aparelhos de televisão, geladeiras, liquidificadores, ferros de passar, entre outros artigos domésticos, observou a AFP durante visita aos estabelecimentos.
'Cheguei ontem à noite após escutar Maduro. Acho justo, há bom atendimento na loja e a Guarda Nacional controla a entrada' de consumidores, disse à AFP Flavio García, morador do bairro popular Petare, em Caracas, que comprou quatro artigos.
As lojas são vigiadas por homens da Guarda Nacional desde a noite de sexta, enquanto os funcionários do local, que se negaram a dar declarações à imprensa, faziam listas de espera para organizar o acesso dos clientes.
Segundo informes da imprensa local, na loja da cidade de Valencia, terceira do país, situada 170 km a oeste de Caracas, houve um início de confusão quando homens quebraram uma vidraça e quiseram levar os produtos sem pagar, mas foram detidos pela Guarda Nacional e a ordem foi restabelecida.
A intervenção em Daka ocorreu após uma inspeção governamental determinada na quarta-feira pelo presidente para combater - segundo o governo - uma 'guerra econômica' que seria organizada pela oposição e o setor privado com supostos vínculos com grupos de extrema-direita de Estados Unidos e da Colômbia.
Esta rede, segundo o governo, tem acesso a dólares com o câmbio oficial de 6,30 bolívares, mas seus preços eram muito superiores quando convertidos na moeda nacional. A Venezuelaestabelece um controle cambiário que gerou um mercado negro em que o dólar supera em mais de oito vezes a taxa oficial. O país importa a grande maioria dos artigos e alimentos que consome.
Os gerentes das lojas Daka foram detidos na sexta-feira e serão iniciadas também ações contra os proprietários, segundo comunicado do governo.
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