Junia Gama, O Globo
O tom político adotado no pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, em cadeia de rádio e TV na última quarta-feira, anunciando a redução da tarifa de energia elétrica e atacando adversários, deve levar o PSB a deflagrar o lançamento antecipado da pré-candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência da República.
Segundo interlocutores do presidente do PSB, Campos “liberou” integrantes do partido para falar abertamente sobre o assunto, uma vez que considerou o discurso de Dilma uma afirmação pública de que irá disputar a reeleição.
— Nós vamos ter candidato à Presidência, estamos trabalhando para isso. O PSB está no governo, ajudando a presidente Dilma, mas somos um partido em crescimento e a possibilidade de o PSB ter um candidato à presidência é concreta e real. Já estamos conversando com outros partidos e vendo alianças para isso — afirmou o líder da legenda na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), considerado um porta-voz de Eduardo Campos.
— Precisamos de uma candidatura presidencial nova, com conteúdo, como a de Eduardo Campos. A presidente Dilma deixou claro nesse discurso que é candidata à reeleição, que quer um mandato de oito anos, então nós ficamos liberados para falar sobre isso também — explicou o líder.
Pessoas próximas ao governador afirmam que a leitura de Campos e de lideranças do partido sobre o discurso de Dilma foi de que a presidente “antecipou” a disputa eleitoral. Por esse motivo, o PSB chegou à conclusão de que era preciso reafirmar que o governador está no páreo para 2014.
— A leitura do governador e de várias lideranças do partido foi de que, se foi precipitado o debate, o nome do governador também deve ser mantido. Como as eleições são só em 2014, o nome dele não pode ser tirado da mesa — afirmou outro aliado de Campos.
Beto Albuquerque afirma que há um saturamento em relação à disputa entre petistas e tucanos e à aliança do PT com o PMDB. O deputado criticou ainda a postura do PT em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF) em função das condenações no julgamento do mensalão, alegando que os problemas com a Corte são exclusivamente dos condenados no processo.
— Há um cansaço geral em conviver com essa dicotomia tucano-petista e com esse casamento PT-PMDB. E, para nós, não há crise com o STF, isso é problema jurídico de quem foi condenado. Temos uma agenda nacional que vamos tocar já nesse primeiro semestre. O Brasil precisa ter um orçamento aprovado, regulamentar o Fundo de Participação dos Estados (FPE) antes desses cinco meses que o ministro Ricardo Lewandowski deu, temos que nos debruçar sobre o assunto energia e sobre tudo o que seja pertinente à economia. Não é preciso ser expert para saber que a economia brasileira passa por uma real ameaça com a redução do crescimento — criticou o líder dos socialistas na Câmara.
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