Carlos Costa é jornalista e escritor |
Primeiro, é preço do “besteirol do Bial”, apresentando as baixarias explicitas na TV em horário nobre incentivando aos incautos para “dar uma espiadinha”.
O segundo preço é o que pagamos pela compra das passagens aéreas cheias de impostos, embarcando em péssimos aviões, esperando em aeroportos ineficientes, se pretendemos viver na “nave real” da vida diária.
Além disso, se pretendemos continuar na “nave real da vida” teremos que seguir enfrentando pesados impostos em cascata, corrupção nos Ministérios, desvios de verbas públicas da merenda escolar, da segurança, habitação, outros programas sociais, enfim!
Essa nave é a que conhecemos e vivemos todos os dias, verdadeiramente. Não é a imaginária, ilusória e depravada nave gestada na mente de marqueteiros de plantão e transmitida diariamente pelo apresentador Pedro Bial, incentivando à população “a dar uma espiadinha”(espiadela, é o correto), tornando, em suma, o telespectador em voyer das tão manjadas cenas picantes entre os brothers.
Se os 90 dias de confinamento no besteirol do programa Big Brother Brasil, em sua décima segunda edição, são suficientes para transformar anônimos em heróis, como costuma dizer o apresentador, chamando-a de “nave louca”, então me considero um Super-Herói Social porque vivo confinado dentro de minha própria moradia há anos sem poder sair por ter medo dos verdadeiros heróis anônimos que desfilam pelas ruas às vezes assaltando, às vezes matando ou às vezes cheirando cola, em um heroísmo social real na luta diária pela sobrevivência. Isso é que é ser herói de verdade!
Se existe algum heroísmo em permanecer três meses dentro de uma casa vigiada por câmeras, o que dizer dos verdadeiros heróis sociais que vivem nas ruas das cidades brasileiras, tendo que se desviar de balas perdidas, de tampas de bueiros explodindo, de enchentes, desmoronamentos e tragédias por todos os lados, e ainda ter que conviver com escândalos públicos diariamente. Esses sim são os heróis sociais dentro de uma realidade social dura!
Mas também existem os anti-heróis de verdade: os que jogam garrafas plásticas para entupir bueiros e depois reclamarem dos entupimentos que eles mesmos cometem, por pura falta de educação doméstica. Os anti-heróis são que prejudicam ao meio ambiente, os que não respeitam vagas demarcadas de estacionamentos para idosos, deficientes, usuários de cadeiras de rodas, grávidas, por pura falta de cidadania
Desejaria ser um anti-herói para combater o “heroísmo” da “nave louca” de Pedro Bial, um programa que presta um grande desserviço à população brasileira. E o pior é que ainda é apresentado em horário nobre, só para encher o saco de todos os que têm cultura, inteligência e senso crítico!
Se apenas 90 dias servem para transformá-los em heróis ilustres desconhecidos e lançá-los para a fama momentânea e a um estrelato efêmero, onde poucos permanecem depois de passado um curto período de tempo, prefiro ser um herói social confinado em minha própria residência.
Mas me curvo diante dos que gostam dessa baixaria explicita em horário nobre porque toda “a unanimidade é burra”! É dessa gente que vem o enorme Ibope da TV.
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