A Polícia
Federal enviou um questionário com 20 perguntas ao presidente Michel Temer no
âmbito do inquérito que apura a suposta negociação, no Palácio do Jaburu, em
2014, de R$ 10 milhões da Odebrecht para o MDB.
O blog obteve
acesso ao questionário, enviado no dia 7 de agosto ao presidente.
Nas questões, o
delegado Tiago Delabary, responsável pela investigação, quer detalhes sobre a
negociação que ocorreu entre executivos da Odebrecht, o presidente Temer e o
ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Em uma das perguntas, o delegado
responsável pelo inquérito escreve:
“Alguns
executivos da Odebrecht afirmaram, no âmbito de seus respectivos acordos de
colaboração premiada que, em meio à segunda rodada de concessões de aeroportos,
receberam do ministro Moreira Franco solicitação de apoio financeiro à campanha
do PMDB, o que teria redundado na disponibilização de 4 milhões de reais pela
construtora, em recursos não contabilizados. Vossa Excelência foi destinatário
de alguma fração desses valores?"
A esta questão,
ele respondeu: “Não tenho a menor ciência do aporte desses recursos. Em razão
deste fato, descabida a segunda parte da questão.
Temer enviou
suas respostas, por escrito, à Polícia Federal na última sexta, segundo o blog
apurou.
O presidente se
irritou com algumas perguntas do delegado. Chegou a classificar de
"pergunta ofensiva, não merece resposta", uma indagação sobre se
recebeu qualquer valor em espécie em 2014, contando com a
"interposição" de Yunes.
A Polícia Federal
também questionou Temer a respeito de sua relação com João Batista Lima Filho e
José Yunes, amigos e ex-assessores do presidente, que chegaram a ser presos em
março, na Operação Skala.
Sobre Yunes, a
PF pergunta se ele é pessoa de sua “máxima confiança”. Temer afirmou que
conhece Yunes desde a faculdade de Direito do Largo São Francisco e que “a
confiança é proporcional a esta longa amizade”.
O blog procurou
o advogado de Temer no caso, Brian Alves Prado. Ele confirmou o questionamento
da PF, mas afirmou que não iria se pronunciar.
Perguntas e respostas
Veja abaixo a
íntegra das perguntas e respostas de Temer à PF:
Questionamentos
ao Exmo. Sr. Presidente da República MICHEL TEMER
1. Vossa Excelência tomou conhecimento de alguma reivindicação do grupo
ODEBRECHT relacionada ao programa de concessão de aeroportos? Sendo a resposta
afirmativa, quais foram essas reivindicações, a quem se dirigiram e qual
encaminhamento receberam?
Resposta: Não
houve nenhuma reivindicação feita a mim pelo Grupo Odebrecht.
2. Qual a participação de Vossa Excelência na nomeação dos Ministros
MOREIRA FRANCO e ELISEU PADILHA para, sucessivamente, exercerem o comando da
Secretaria de Aviação Civil?
R: O Ministro
Moreira Franco era titular da Secretaria de Assuntos Estratégico. Vagando a
Secretaria da Aviação Civil, o PMDB o indicou e a Sra. ex-Presidente o nomeou.
Quando este foi desligado da Secretaria, a ex-Presidente nomeou Eliseu Padilha
como Ministro.
3. Alguns executivos da ODEBRECHT afirmaram, no âmbito de seus
respectivos acordos de colaboração premiada, que, em meio à segunda rodada de
concessões de aeroportos, receberam do Ministro MOREIRA FRANCO solicitação de
apoio financeiro à campanha do PMDB, o que teria redundado na disponibilização
de R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) pela construtora, em recursos não
contabilizados. Vossa Excelência teve ciência da solicitação e do
encaminhamento dos valores? Vossa Excelência foi destinatário de alguma fração
desses valores?
R: Não tenho a
menor ciência do aporte desses recursos. Em razão deste fato, descabida a
segunda parte da questão.
4. Vossa Excelência participou de jantar realizado no Palácio do Jaburu,
em maio de 2014, no qual estiveram presentes MARCELO ODEBRECHT e CLAUDIO MELO
FILHO? Em caso de resposta afirmativa, quem mais participou do evento, qual o
propósito de sua realização e o que foi efetivamente tratado?
R: Deu-se o
jantar. Além dos mencionados na pergunta, o Ministro Eliseu Padilha. Marcelo
Odebrecht comunicou que iria colaborar com vários candidatos do PMDB, o que fez
oficialmente por meio do partido.
5. Os executivos da ODEBRECHT acima nominados, em declarações prestadas
no âmbito do Inquérito 4462, afirmaram que, no mencionado jantar, fora objeto
de discussão o encaminhamento de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) ao
PMDB pelo grupo empresarial, dos quais R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais)
seriam direcionados â campanha de PAULO SKAF ao Governo do Estado de São Paulo,
naquelas eleições de 2014. Vossa Excelência participou de tais tratativas?
Ainda que não tenha participado, Vossa Excelência soube se o tema foi tratado e
o que restou acordado, ao final?
R: Não
participei dessas eventuais tratativas. Reitero o que já foi respondido
anteriormente, ou seja, Marcelo Odebrecht afirmou que colaboraria com
candidaturas e o faria oficialmente por meio do PMDB.
6. Em complementação ao questionamento anterior, Vossa Excelência tomou
conhecimento de algum apoio financeiro prestado pela ODEBRECHT campanha de
PAULO SKAF?
R: Não tomei
conhecimento.
7. Alguns executivos da ODEBRECHT, igualmente em sede de colaboração
premiada, afirmaram que, a par da disponibilização de R$ 6.000.000,00 (seis
milhões de reais) à campanha de PAULO SKAF, R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de
reais) foram destinados a membros do então PMDB, como o ex-Deputado Federal
EDUARDO CUNHA e o Ministro ELISEU PADILHA, seguindo orientações deste. Vossa
Excelência tomou conhecimento dessa destinação? Vossa Excelência foi aquinhoado
com alguma parcela desses valores?
R: Reporto-me a
resposta dada a pergunta de número 3.
8. Qual a relação que Vossa Excelência mantém com JOÃO BAPTISTA LIMA
FILHO?
R: Tal como é
público e notório João Batista Lima Filho é meu conhecido há muitos anos. Desde
quando trabalhou comigo na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São
Paulo, em 1984.
9. JOÃO BAPTISTA LIMA FILHO já atuou, no interesse de Vossa Excelência,
na arrecadação de valores destinados a campanhas eleitorais?
R: Não.
10. JOÃO BAPTISTA LIMA FILHO recebeu algum valor em espécie destinado a
Vossa Excelência, no ano de 2014? Em caso de resposta afirmativa, qual o
motivo?
R: Apesar de
insultuosa a indagação, registro que não haveria nenhum motivo para tal
recebimento.
11. Qual a relação mantida entre Vossa Excelência e o advogado JOSÉ
YUNES? É possível afirmar que JOSÉ YUNES é pessoa da máxima confiança de Vossa
Excelência?
R: Conheço-o
desde os tempos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. A confiança é
proporcional a esta longa amizade.
12. JOSÉ YUNES afirmou, em declarações prestadas nos autos do Inquérito
n° 4462, que, a pedido do Ministro ELISEU PADILHA, recebeu uma pessoa em seu
escritório, em São Paulo, no ano de 2014, a quem posteriormente identificou
tratar-se de LÚCIO FUNARO. Vossa Excelência tomou conhecimento do episódio,
época? 0 que tem a dizer a respeito?
R- Tomei
conhecimento posteriormente.
13. São do conhecimento de Vossa Excelência os motivos que determinaram
o comparecimento de LÚCIO FUNARO no escritório de JOSÉ YUNES, a pedido do
Ministro ELISEU PADILHA?
R: Não tenho
conhecimento.
14. Qual a relação mantida entre o Ministro ELISEU PADILHA e LÚCIO
FUNARO?
R: Não tenho a
menor ideia.
15. JOSÉ YUNES, em suas declarações, afirmou que LÚCIO FUNARO ostenta
vasto "curriculo no crime"? Vossa Excelência tinha, à época,
conhecimento dessa circunstância?
R: Não.
16. Vossa Excelência dispõe de conhecimento que lhe permita descrever a
relação mantida entre o Ministro ELISEU PADILHA e LÚCIO FUNARO?
R: Não.
17. No ano de 2014, Vossa Excelência recebeu algum valor em espécie,
para qualquer que seja a destinação, contando com a interposição de JOSE YUNES?
R: Pergunta
ofensiva. Não merece resposta.
18. JOSÉ YUNES já exerceu a função de arrecadador de campanha no
interesse de Vossa Excelência?
R: Não.
19. Vossa Excelência tomou conhecimento se, no ano de 2014, JOSÉ YUNES
recebeu algum valor da ODEBRECHT endereçado ao Ministro ELISEU PADILHA?
R: Não.
20. Vossa Excelência já recebeu valores de empresas do grupo ODEBRECHT?
Se sim, em que contexto?
R: Não. O PMDB
recebeu contribuições oficiais
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