Uma declaração do presidente
Michel Temer gerou confusão logo cedo nesta quarta-feira (30) no mercado
e obrigou o
Palácio do Planalto a soltar uma nota garantindo que a política
de preços da Petrobras não será alterada.
A notícia de que Temer admitia
reexaminar a política da estatal veio um dia antes da greve
dos petroleiros, que tem na sua pauta exatamente a modificação das
regras de reajuste de preços da empresa.
Na terça-feira (29) à noite,
foi divulgada entrevista do presidente à emissora pública TV Brasil, na qual
ele tratava do tema. A fala de Temer deixou dúvidas se ele havia falado “não
podemos reexaminá-la” ou “nós podemos reexaminá-la”. Consultada, a assessoria
de comunicação do Planalto informou que ele havia dito “nós” podemos reexaminar
a política de preços da Petrobras.
A informação gerou confusão
no mercado e na própria estatal na manhã de desta quarta, levando o presidente
Temer a chamar sua equipe de comunicação para dizer que ele havia dito “não
podemos” reexaminar a política de preços e precisamos tratar com “cuidado” do
assunto.
Em seguida, foi divulgada
nota em que o governo elogia a atuação do presidente da Petrobras, Pedro
Parente, e diz que as “medidas anunciadas [para acabar com a greve dos
caminhoneiros] para garantir a previsibilidade do preço do óleo diesel
preservaram, como continuaremos a preservar, a política de preços da
Petrobras”.
A trapalhada do governo
revela, na verdade, as pressões que estão sendo feitas para que o governo
modifique a política de preços da estatal, o que está sendo descartado até aqui
pelo presidente Michel Temer. Ele tem sido alvo de pedidos não só de mudanças
das regras de reajuste da estatal como também de troca do comando da empresa.
Assessores do presidente
afirmam que ele tem dito que não fará nem uma coisa nem outra e que sabe que a
recuperação da Petrobras é um dos ativos de sua administração. E que não fará
nada para colocar isso em risco. Tem explicado, porém, que foi obrigado a
adotar medidas, que preservaram a estatal, para reduzir o preço do diesel e
garantir mais previsibilidade no reajuste do produto a fim de encerrar a
paralisação dos caminhoneiros.
A médio prazo, contudo, a
equipe de Temer admite que será preciso criar
um novo mecanismo para amortecer altas elevadas no preço dos combustíveis em
momentos de turbulências no cenário internacional, que levem a uma escalada no
valor do barril do petróleo como agora. Esse mecanismo, segundo auxiliares do
presidente, também preservaria a Petrobras, garantindo a ela o direito de
repassar os custos da alta do petróleo e do dólar.
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