Marcelino Ribeiro
Ao tentar sair do
trânsito caótico de Manaus, que nos deixa mal humorado fico contando horas e minutos para
que chegue o final de cada semana.
As razões são óbvias, e essa
obviedade é descansar, porque ninguém é de ferro.
Encho o tanque do " pé-de-borracha," e zarpo
rumo ao interior de Itacoatiara, especificamente Novo Remanso, vila situado a
220 quilômetros de Manaus.
Sempre gosto de acordar cedinho,
e quando o alarme do celular não me desperta, o meu relógio biológico o faz: é infalível: às 4 da matina tou de pé, arrumo as minhas
tralhas, dou a última revisada no “vermelhinho” e "estrada para que te quero".
Como diria a minha mãe, porém,
nem tudo é flor no canteiro do Castor, e lá vou eu, nós, ( eu e a Suzan), e pra
surpresa minha, antes da barreira policial, enfrento uma blitz “daquelas”,
onde o chefe Leonel, pra mostrar serviço é o primeiro a se sobressair no
cumprimento do dever, junto com os seus comandados .
Antevendo que seria um dos que
iria passar pela operação pente-fino, diminuo a velocidade. Um policial sinaliza pra encostar o carro na lateral
da rodovia, a fim de fazer a abordagem habitual.
__ A sua habilitação, sem, sequer
me dar bom dia, me aborda o guarda suarento e catingoso.
__ Pronto, disse-lhe mostrando-a mais que depressa.
__ Desça do carro que vou dar uma
varredura, arrotou o “polícia” num tom intimidativo.
__ Pois não, rapidamente atendi
ao rogo petulante do guarda.
__ Abra o porta-malas.
__ É pra já, completei.
__ O seu extintor estar em dia?
Respondi, já meio puto:
__ olhe, o senhor não estar
inspecionando o carro ? ...
Ele me fitou dos pés a cabeça,
como quem diz: que “carinha” metido.
E tava mesmo, pois o carro estava
plenamente regularizado, mas me contive.
Pensava que o "tira" já tivesse concluído a operação, ele inda vem com essa:
__Ah, esqueci de verificar a
parte de trás do veículo, arremata.
Nessa altura do campeonato fiquei
apenas como expectante.
Quando ele abriu a porta lateral,
em cima do banco traseiro se deparou com 3 caixas de cervejas em lata e alguns
refrigerantes, prontamente disparou:
__ O senhor ingeriu alguma bebida alcoólica?
__ Por quê?
__ Quer dizer, se eu saísse de um
bar é por que estava bebendo?
__ O senhor tem que fazer o teste
de bafômetro.
Cá com meus botões, pensei: será que esse policial
tá pensando que eu tenha tomado algumas cervejas, apenas por que eu as conduzia no interior do veículo? Mesmo assim me submeti
ao teste, e pra surpresa do guarda, deu negativo.
Senti a essa altura que o tal
policial queria forjar um “álibi “para
me incriminar, mas não foi feliz no intento; mesmo assim não desistiu e partiu
pra nova empreitada, ao interpelar-me se
usava arma e num tom arrogante, disparou:
__ O senhor tem arma?
__ De que, de fogo, retruquei?
__ Tenho, respondi.
__ Em tão me entregue. Fitei-o
dos pés a cabeça e sapequei:
__ Ah, me desculpe, não sabia que era
pra trazer, “seo” guarda, deixei-a em casa.
Ele me encarou com um olhar furioso, pensou que
estivesse gozando da cara dele. Não foi bem assim, mas quase isso.
Depois de todo esse
“cerca-lourenço, talvez o policial tivesse tentado criar dificuldades para gerar facilidades, deixou-me seguir
a viagem em paz, porque não foi dessa vez que tentou arranjar o jabaculê, a fim
de satisfazer a sua saciedade: extorquir motoristas incautos que trafegam nos
finais de semana, tendo o interior como válvula de escape para se livrar do calor "mormacento' de Manaus.