O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, o delegado
Marcelo Rezende afirmou, em entrevista coletiva realizada na manhã desta
terça-feira, na sede da PF, em Manaus, que a Operação “Maus Caminhos” teve o objetivo de “estancar uma sangria
que estava ocorrendo nos recursos públicos da saúde no Amazonas”.
As investigações da Operação, feitas em parceria com a
Controladoria Geral da União e a Receita Federal, detectaram um desvio de
R$ 110 milhões nos recursos do Fundo Estadual de Saúde do Amazonas, quase
metade do montante destinado ao fundo. Veículos de alto padrão, imóveis, jato e
helicópteros estão entre os bens sequestrados pela operação.
“Fica muito claro que o grupo ostentava elevado padrão de
luxo muito acima da realidade de qualquer brasileiro e brasileira. Quase que
algo cinematográfico, hollywoodiano”, afirmou ele.
A investigação teve início em análise da CGU sobre
concentração atípica de repasses do Fundo Estadual de Saúde à organização
social Instituto Novos Caminhos (INC). Em dois anos, a entidade recebeu mais de
R$ 276 milhões para administrar duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), em
Manaus e Tabatinga, e um centro de reabilitação para dependentes químicos, no
município de Rio Preto da Eva.
De acordo com as investigações, o montante de dinheiro
destinado às unidades administradas pelo INC eram superior ao do próprio
Hospital Pronto-Socorro 28 de Agosto, que tem uma capacidade muito maior de
atendimento.
“O 28 de Agosto tem, sozinho, oito vezes mais leitos que as
duas unidades médicas e hospitalares. No entanto, recebeu menos da metade dos
recursos destinados a essas duas unidades”, completou o superintendente Marcelo
Rezende.
De acordo com a CGU, todas as empresas investigadas são
comandadas direta ou indiretamente pelo médico e empresário Mouhamad Moustafa.
Para o coordenador da operação, delegado Alexandre Teixeira, o dinheiro
desviado serviu para manter o padrão de vida elevado do chefe da organização.
“Estes recursos públicos foram destinados a sustentar uma vida de luxo e
ostentação de um profissional que deveria prestar bons serviços à população,
que ficou sem ter direito a serviços básicos de saúde”, afirmou ele.
Marcelo Borges de Souza, chefe da CGU Amazonas, afirmou que
parte dos desvios era feito na contratação de lavagem de roupa hospitalar das
unidades. “O Estado contrata o quilo da lavagem de roupa hospitalar a R$ 2,77.
O Novos Caminhos pagava R$ 14 por um quilo. Nós estamos falando de toneladas de
roupa lavadas”, detalhou ele, dizendo também que o INC contratava serviços das
empresas Salvare, Simea e Total que sequer foram executados.
Foram cumpridos 13 mandados de prisão preventiva, quatro
mandados de prisões temporárias, três mandados de condução coercitiva, 40
mandados de busca e apreensão, 24 de bloqueios de bens e 30 de sequestros de
bens. As medidas aconteceram em residências e empresas nos municípios
amazonenses de Manaus, Itacoatiara e Tabatinga, além das capitais Belo
Horizonte, Brasília, Goiânia e São Paulo. Uma das empresas onde o dinheiro do
rombo na saúde pública era lavado, segundo a PF, era a responsável por gerir a carreira de Wesley Safadão e outros astros
da música popular.
Participaram da operação 185 policiais federais, 36 auditores
da CGU e 50 auditores da Receita Federal.
Fonte: Portal A Crítica
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