segunda-feira, 23 de maio de 2016

Em gravação, Jucá sugere 'pacto' para barrar a Lava Jato, diz jornal


Reportagem revela diálogo do ministro com o ex-presidente da Transpetro.
À TV Globo, Jucá disse que 'pacto' seria para destravar crise, e não Lava Jato.

Do G1, em Brasília, com informações do Bom Dia Brasil


Gravações obtidas pelo jornal "Folha de S.Paulo" indicam o novo ministro do Planejamento, Romero Jucá, sugerindo ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado um "pacto" para tentar deter a Operação Lava Jato. As conversas ocorreram em março deste ano.
Romero Jucá confirmou à TV Globo a conversa com o ex-presidente da Transpetro. Segundo o ministro, Sérgio Machado o procurou em casa. Jucá é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal que investigam suspeita de que ele recebeu propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
 

De acordo com a reportagem, o titular do Planejamento sugeriu nas gravações com Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Lava Jato.
Em uma das conversas, segundo o jornal, Machado diz ao ministro, que à época era senador, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, queria pegar Jucá e outros parlamentares do PMDB.
"O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. Ele acha que sou o caixa de vocês", ressalta Sérgio Machado.
Ainda conforme o jornal, o ex-presidente da Transpetro fez uma ameaça velada e pediu que fosse montada uma estrutura para protegê-lo.

Em outro trecho, de acordo com a "Folha de S.Paulo", Sérgio Machado voltou a dizer: "Então, eu estou preocupado com o quê? Comigo e com vocês. A gente tem que encontrar uma saída".
O ex-dirigente da Transpetro disse que novas delações na Lava Jato não deixariam "pedra sobre pedra". E Jucá concordou que o caso de Sérgio Machado não poderia ficar nas mãos do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância.
Na gravação, ainda segundo o jornal, Jucá acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional com o Supremo Tribunal Federal.
E Machado disse que "aí parava tudo". E Jucá repondeu que, a respeito das investigações, "delimitava onde está".
Juca disse que havia mantido conversas com ministros do Supremo, aos quais não nominou. O ministro do Planejamento ressaltou ao ex-dirigente da Transpetro que são "poucos" os magistrados da Suprema Corte aos quais ele não tem acesso. O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, seria um desses ministros, destacou o peemedebista, que acrescentou qeu Teori é "um cara fechado.
À TV Globo, Jucá disse que os diálogos não trazem novidade em relação ao posicionamento dele sobre a crise política e econômica do país. Segundo o ministro do Planejamento, o “pacto” a que ele se refere seria para destravar a crise, e não um acordo para barrar a Operação Lava Jato.
Ele também afirmou que sempre se manifestou no sentido de que o país não podia ficar refém da operação. Ainda de acordo com o peemedebista, o termo "delimitar" usado na conversa não significa “barrar” a Lava Jato, mas definir quem é culpado, o crime, e a punição de cada acusado.
Jucá ressaltou que, em nenhum momento, ofereceu ajuda ou prometeu a Sérgio Machado que iria interferir nas investigações. Por fim, ele disse que “apoia a Operação Lava Jato.
Até a última atualização desta reportagem, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado não havia sido localizado.

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