terça-feira, 14 de abril de 2015

Deram para roubar até o dinheiro da merenda de crianças matriculadas em creches

Ricardo Noblat

Deveria existir ética para tudo, até mesmo para o roubo.
Na cadeia não existe uma ética particular quando ali os presos se recusam a conviver com estupradores?
A mesma coisa não se passa também em áreas pobres das grandes cidades dominadas pelo tráfico de drogas? Estuprador não tem vez.
E então?
É condenável, mas quase não choca ninguém, a prática do pagamento contra a lei de altos salários no serviço público.
Em Niterói, por exemplo, descobriu-se que cinco funcionários da prefeitura, somente em novembro último, receberam R$ 307.04,00.
Revoltante? É. Mas no país onde um presidente já se elegeu combatendo os salários escandalosos dos marajás, acaba saindo na urina.
Esse presidente – você sabe de quem falo – depois foi deposto acusado de corrupção.
O que dá vontade de pegar em armas é quando vem à luz episódios como o que acaba de acontecer em São Gonçalo, interior do Rio.
Foi desarticulada uma quadrilha suspeita de desviar recursos públicos destinados à alimentação de crianças matriculadas em oito creches conveniadas com a prefeitura
Cerca de R$ 5,2 milhões foram desviados do município e mais de 700 crianças saíram prejudicadas.
Quer dizer: estão roubando até merenda escolar. E não de escolas, mas de creches.
Ouso imaginar que nem traficante do Morro do Alemão seria capaz de fazer uma coisa dessas.
Roubalheira existe por toda parte. Mas se o mau exemplo vem de cima e a impunidade quase sempre vence, ela se alastra e se enraíza fortemente.
Pelo que se anda vendo nos protestos de ruas, os brasileiros, afinal, parecem ter despertado para isso.  
Manifestantes nas ruas de São Paulo, 12/04/2015 (Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo)


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