sábado, 11 de outubro de 2014

As rugas dos meus sonhos

Essas rugas que trago no meu rosto
e o cansaço em meus olhos saudosistas,
não afetam os sonhos memoristas
nem refletem razões de algum desgosto.

São marcas indeléveis do entreposto
do tempo, em contratempos alcovistas,
envolto em vultos de terminais conquistas,
que se foram nas sombras do sol-posto.

Em nada me afetam de meu rosto as rugas,
nem meu ilhar perdido em mansas fugas,
a idade em meus sonhos não influi.

Se nas horas dos dias de crescer
eu sonhava com o que queria ser,
hoje eu sonho em ter sido o que não fui.

RONALDO CUNHA LIMA, poeta, escritor e ex-governador da Paraíba


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